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O primeiro Congresso


O grande salão do teatro regurgitava de gente, naquela data tão esperada pelos espíritas do nosso estado. Era o dia 03 de outubro de 1945.

O congresso, o primeiro que se realizaria após o evento de fundação da FERGS, aguardado com tanta expectativa, finalmente acontecia.

As dificuldades e as dores da grande guerra adiara o sonho, mas agora, juntamente com os empreendimentos que o mundo concentrava para curar as feridas abertas pela conflagração mundial que, enfim, silenciara os combates e o morticínio que patrocinara, o nosso evento espalhara luzes em tantos corações.

Após tantas lutas e sacrifícios que se seguiram ao memorável dia 21 de fevereiro de 1921, a fundação da FERGS, o trabalho devotado e incessante de muitos companheiros abnegados faz florescer no solo do Rio Grande as pujantes sementes do Consolador, organizando uma seara propícia ao trabalho.

Coordenados pela liderança vigorosa de Roberto Michelena, divulgou-se o memorável evento por todas as regiões, das mais próximas as mais distantes, chamando os adeptos do Cristianismo redivivo a formarem suas caravanas para a participação no congresso.

E eles vieram de todos os cantos e recantos: do litoral, da campanha, dos aparados da serra, das encostas, do alto Uruguai, do extremo sul e agora, ali, na magnífica cerimônia de abertura, os corações pulsavam em sinfonia de gratidão e os olhos de cada participante assemelhavam-se a pequenas estrelas iluminando a atenta platéia.

Todos traziam a percepção de que marcavam nos anais da espiritualidade um pórtico de uma era nova para a humanidade.

O I Congresso Espírita do RS sedimentava o trabalho dos seareiros devotados ao labor de unir e unificar esforços para a edificação espiritual da pátria do Evangelho.

Em cada alma havia um misto de gratidão e expectativa pelas benesses do conhecimento e da escultura de sentimentos que se anunciavam.

Em muitas das mentes, ali congregadas, permaneceram emolduradas pelas luzes do compromisso com a causa as imagens do lançamento da pedra fundamental da sede da Casa-Mater, na rua 3 de novembro, doada pelo Poder Público e onde se abrigariam, no futuro, as tarefas nobres e importantes da Casa patrocinada pelo apóstolo Natanael.

O Presidente da FERGS e do Congresso assume a tribuna, fazendo a sua saudação fraterna aos participantes.

Sua postura que agrega o garbo do mancebo e a nobreza humilde do servidor, ao dirigir-se aos presentes, verbalizando a mensagem bafejada pelo Evangelho leva às lágrimas de emoção gratificante, os mais de mil congressistas presentes. Michelena amparado pelo venerando Bezerra de Menezes dá início aos Congressos Espíritas, realizados pela Federação Espírita do Rio Grande do Sul.

Após as preliminares homenagens e falas eis que ele, um homem da serra, ergue-se a pedido dos seus pares, os líderes de unificação, os representantes da FERGS que vieram de todos os pontos do Rio Grande.

Poucos o conhecem, alguns ouviram falar de um Espírita que a cavalo percorre os lugarejos da Serra, divulgando o Espiritismo. Dizem que é um exímio tribuno, e que vindo da Itália, radicou-se nos Aparados da Serra e lá conheceu a veneranda Doutrina Espírita.

Com um sorriso franco e cativante ele é chamado e anunciado pelo mestre de cerimônias:

- Francisco Spinelli - representante da FERGS nos Aparados da Serra.

Francisco olha o auditório cheio e o seu coração inunda-se de alegria.

A sua mente, assomam as palavras que ouvira no sonho antes de embarcar, ainda jovem, para o Brasil.

- Francisco, há um largo trato de terra para cultivares além-mar.

Agora ele sabia.

Alí, estava o seu trato de terra, as leiras que deveria cuidar até o fim dos seus dias.

Sua voz ergueu-se no palco do tradicional Teatro São Pedro, fazendo de cada palavra de gratidão em nome dos seus pares, um voto de compromisso de plantar as sementes que hoje nós temos a bênção de observar transformadas em árvores frondosas que ofertam frutos sazonados para saciar a fome espiritual de muitos.

Quando Francisco pronunciou a derradeira frase de sua alocução, o silêncio era impressionante, como se até mesmo as respirações estivessem suspensas pelos ouvintes para não quebrar a magia que se estabelecera.

O Presidente Michelena, com os olhos úmidos de lágrimas contidas ergueu-se e começou os aplausos que se tornaram ensurdecedores e se estenderam por largos minutos.

Francisco parecia não entender, e na verdade não entendia, o motivo de estar sendo ovacionado.

A equipe espiritual atendia os congressistas potencializando em cada um os vínculos de afetividade dos espíritas gaúchas com aquele que se imortalizaria na memória de todos, como o grande unificador das nossas fileiras. Michelena, encaminhou-se para o companheiro que se preparava para descer da tribuna, abraçou-o, demoradamente, e sem que ninguém mais ouvisse, apenas Francisco, disse-lhe com a voz embargada:

- Eu sabia que estavas para chegar!

- Vem Francisco, és o companheiro que esperávamos há tanto tempo!

Assim Francisco Spinelli subiu a serra e preparou, com determinação, a sua vinda para a Capital, onde em menos de uma década liderou os rumos do Movimento Espírita no Brasil, retirando-se para a Espiritualidade com a consciência do dever cumprido e com a abnegação para prosseguir, até hoje, como um farol nas nossas lutas para a conquista do Reino de Deus.

O espírito assina: O Secretário

Imagem: Francisco Spinelli

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