Siá Tonha - cap. V
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No ambiente iluminado de forma tênue e que proporcionava grande bem-estar ao olhar e ao sentir daqueles ali se reunidos para o momento singular, preparado pela veneranda benfeitora, que impregnava com sua atmosfera o cenário arrumado com esmero, contributo para que o despertamento da recém chegada se desse com o tônus vibracional inerente àquelas situações.
A melodia suave e o perfume delicado parecia se evolar de cada átomo espiritual da ambiência tão rica de lições para todos que aguardavam os instantes que estavam por vir.
Dois servidores da colônia adentraram a ampla sala, trazendo uma maca em formato ovalado, qual fora uma gota transparente e iluminada.
Colocaram-na no centro e de imediata a veneranda entidade, conhecida por irmã Teresa aproximou-se e do seu centro coronário uma cachoeira de luzes foi jorrando e envolvendo a padiola, que foi se inclinando aos poucos e transformando-se em confortável cadeira, deixando ver a figurinha miúda e frágil, ainda sonolenta, coberta por uma túnica em tom semelhante à água das cachoeiras, até no movimento que se notava nas suas muitas dobras.
Uma prece de gratidão ecoou no ambiente. Siá Tonha estava calada e tímida. Não sabia a que atribuir tamanhos cuidados para com ela. Afinal ela é quem sempre cuidara dos outros. E agora reconhecia tantos daqueles a quem ajudara e alguns, nem sabia quem eram, ali estavam cheios de deferência e atenções, o que a fazia pensar e sentir:
- Não mereço! Eles devem ter se enganado! Eu sou apenas a velha Tonha!
Teresa percebendo a perplexidade de Antonia socorreu-a.
- Minha filha! Estes são os frutos do plantio que fizeste na Terra. São os sofredores que acolheste e trataste. Os que não conheces, são os peregrinos que se abrigavam na tapera que cuidavas. Lembras? Aqueles andarilhos a quem ofertavas a água, o pão e o fogo para se aquecerem. Quantas almas tu salvaste da fome, do frio, das tempestades, Tonha?
Eles te são gratos, muito gratos!
Na sua ingenuidade Siá Tonha ainda intrigada com a nova aparência indagou:
- E agora, minha alma boa, quem vai cuidar desta gente? Há quanto tempo eu estou aqui?
- Tonha. Antônia, agora você terá outras tarefas. Precisamos de almas como você, forjadas no sacrifício, para liderarem as nossas equipes e servidores em regiões de sofrimento e dor, nas duas dimensões da vida.
Antônia arregalou os olhos e as lágrimas começaram a rolar.
- O que foi minha filha? O que está te afligindo?
- Eu não sei, meu anjo bom, mas... tenho saudades do meu rancho, dos meus doentes, de Dona Mariana. Eu queria tanto poder cuidar deles.
Teresa avaliou, bondosamente, aquele desejo, que era um pedido. Ela sabia identificar o apego, mesmo disfarçado de compaixão ou piedade e estava diante de um belo e desafiador trabalho de persuasão para que aquele Espírito ampliasse a sua visão de serviço, a fim de que o coração generoso se entregasse aos planos do Alto, multiplicando os talentos trazidos da última romagem terrena.
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