Crítica Conscienciosa
A obra O QUE É O ESPIRITISMO, do mestre Allan Kardec, traz excelentes lições de filosofia espírita. Aliás, trata-se uma das obras fundamentais da Doutrina que Kardec recomendava como primeira leitura, fosse para iniciantes, fosse para adeptos já esclarecidos.
O educador da nova era estabelece no livro uma forma de apresentação das matérias muito didática para ir revelando, pouco a pouco, os princípios da doutrina e suas principais críticas ou objeções, criando assim, em belo estilo, os diálogos com personagens como o "crítico", o "cético" e o "padre". Isto na primeira parte da obra.
Na sua segunda parte, a obra nos remete a uma síntese do Espiritismo em seu aspecto experimental. Já, na terceira parte, a obra traz as contribuições da Doutrina Espírita para que a razão e o coração, com lucidez, enfrentem problemas filosóficos diversos.
Enfim, o livro aqui mencionado é uma leitura indispensável aos leitores do mestre e adeptos da Doutrina dos Espíritos.
Gostaria de trazer aqui um apontamento, entre tantos outros lúcidos, dignos da acurada razão kardequiana. Nele, diz Kardec: "quando nos falta o tempo para fazer conscienciosamente uma coisa, é melhor não fazê-la; é preferível produzir um só trabalho bom a fazer dez ruins."(1)
Depois de civilizadamente apontar ao crítico a fragilidade de seu intento de escrever sobre Espiritismo, dotado apenas de poucas leituras e mínimas observações fenomenológicas, alerta da necessidade da crítica ser mais qualificada em estudos demorados e profundos, em torno de qualquer tema, do mesmo modo que exige o conjunto filosófico do Espiritismo.
É uma bela lição a que Kardec propõe. Muito útil em tempos apressados como os nossos onde a comunicação é instantânea e se tem opinião formada sobre tudo, não raro, até em “nome do Espiritismo”, sem o rigor metodológico de Kardec ou o diálogo salutar com sua base doutrinária.
Se nos falta tempo para analisar um tema e emitir opinião, é melhor nos abstermos. O tempo e outras pessoas com melhores condições poderão esclarecê-lo. Aí, ouçamos os especialistas com respeito e bom senso.
Caso nos peçam análise espírita sobre algo, recordemos as fontes doutrinárias e observemos, com humildade, que além da nossa opinião ser apenas mais uma, o Espiritismo não é uma panacéia cujo teor filosófico seja adequado a todo e qualquer tema, nada obstante seja um saber transdisciplinar, o seu objeto é bem especificado por Kardec.
O Espiritismo não se presta à especulações religiosas, místicas, partidárias ou pseudocientíficas. É doutrina de bom senso.
Caso não possamos fazer análises judiciosas sobre algum tema sério, silenciemos, pesquisemos, aprendamos com os outros e não coloquemos a Doutrina do Consolador no palanque de insensatez. O Espiritismo não merece isso.
Crítica conscienciosa é análise responsável, bem fundamentada, civilizada e eticamente sadia. É a razão e o sentimento postos à serviço do esclarecimento, do bem do próximo. Recordemos amigos, o bom senso de Kardec sempre deve ser cultivado pelos espíritas.
REFERÊNCIA:
(1) KARDEC, ALLAN. O que é o Espiritismo. (Fonte: https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/885/o-que-e-o-espiritismo/1171/capitulo-i-pequena-conferencia-espirita/primeiro-dialogo-o-critico)