Abordagem inclusiva do trabalho voluntário
Sonia Hoffmann
Ações de voluntariado acontecem nos vários locais do planeta Terra, em todas as idades, sexos e nas mais diversas condições sociais, culturais ou acadêmicas das pessoas. Para exercer tal atividade, o primordial é ter vontade, responsabilidade e uma boa dose de humildade, mesmo porque deve haver disciplina e obediência às regras a seguir. A essência do voluntariado é a cooperação direta ou indireta ao próximo, mesmo quando alguém se vincula a realizações de atividades internas de uma instituição.
"O trabalho voluntário é uma atividade realizada por indivíduos de forma não remunerada, em benefício de outras pessoas, comunidades ou causas, sem a expectativa de receber compensação financeira. Essa prática é impulsionada pelo desejo genuíno de contribuir para o bem-estar coletivo e promover mudanças positivas na sociedade." [...] "Os voluntários desempenham um papel importante no empoderamento e no desenvolvimento das habilidades das pessoas, ajudando a promover a inclusão social e o acesso à educação" (A Importância..., 2024).
O trabalho voluntário se sustenta na consciência individual de sentido e propósito na vida, é uma forma de envolvimento com causas e ações que importam para a melhoria da qualidade da relação com o próximo e com a sociedade. É algo benéfico para a própria pessoa e para o fortalecimento da rede de fraternidade. Ele traz inúmeros benefícios para a sociedade. Ele traz inúmeros efeitos benéficos, como (por exemplo) contribuição para a inclusão social e cidadania de grupos vulneráveis pela promoção da igualdade, justiça e respeito aos direitos humanos; desenvolvimento do senso de comunidade e de pertencimento (pelo estímulo à participação e à cooperação entre os seres humanos, fortalecendo os laços sociais e a solidariedade; ampliação da consciência social e responsabilidade , por meio da sensibilização/conscientização das dificuldades e desafios da realidade, despertando o compromisso e a ação transformadora; criação e fortalecimento da rede de oportunidades; possibilidade de intercâmbio de conhecimentos, experiências e habilidades entre os próprios voluntários e com as instituições; fomento de aprendizado e de desenvolvimento pessoal; melhoramento da saúde mental e física, reduzindo prováveis ansiedades e estados de depressão, além do aumento da autoestima, confiança e felicidade dos voluntários.
Alguém com deficiência/diferença tem inúmeras possibilidades para o voluntariado na instituição espírita: desde palestrante, facilitador de algum curso ou recepcionista até pintar a entidade, realizar algum trabalho manual (costurar, tricotar, por exemplo, quando houver serviço de assistência), atuar na sala de leitura, fazer leitura de harmonização, cadastrar doadores no computador, participar de coral, ajudar na organização de eventos/festas... Basta que os dirigentes de instituições acreditem nas capacidades, competências e possibilidades destas pessoas, oportunizando espaços e atitudes interativas adequadas e estratégias eficientes para que elas sintam-se pertencentes à dinâmica de atividades institucionais. Enfim, tudo será uma questão de necessidade, disponibilidade, de trabalho cooperativo, de criatividade e de entendimento real (e não fantasioso) de suas condições de saúde, tempo, limitações.
É fundamental que o dirigente ou o grupo que administra a instituição espírita tenha a consciência e o conhecimento da importância do processo de inclusão e como as estratégias de acessibilidades podem cooperar para a quem apresenta uma deficiência/diferença desenvolva o máximo possível suas aptidões e habilidades. Significativo também observar o quanto alguns apresentam plena autonomia; mas outros, muitas vezes, precisam de acompanhamento ou sentem-se mais à vontade (ou seguros) para realizar determinada atividade em regime de coparticipação.
Aceitem, convidem, incentivem e, como Alkíndar de Oliveira (2001) sugere para os dirigentes, arrumem trabalho para TODAS as pessoas que demonstrem a vontade ou se manifestem voluntariamente. Como o autor refere, isto precisa ser feito, mesmo que seja necessária a organização de novos departamentos e diferentes atividades voluntárias, pois um grande mal e prejuízos existenciais, psíquicos, intelectuais serão gerados para a pessoa e à causa, se não atendermos, rapidamente, aos anseios de quem quer trabalhar em favor do próximo. Ele conclui seu pensamento brilhantemente, afirmando que não se deve deixar para o futuro o trabalho do voluntário que se dispõe a trabalhar desde o hoje, acrescentamos: o dirigente não pode e não deve deixar para o futuro ou para o nunca que alguém com deficiência/diferença participe efetivamente da atividade cooperativa e da construção de uma rede interativamente inclusiva.
Portanto, dirigentes, atentem-se às suas responsabilidades assumidas na prática do bem e na difusão dos ensinamentos cristãos e espíritas, oportunizando e disponibilizando possibilidades, esclarecimentos, orientações para que pessoas com TODAS as diferenças sintam-se envolvidas e incluídas no Movimento Espírita.
Referências
A IMPORTÂNCIA e os benefícios do trabalho voluntário: para você e para a sociedade.
Disponível em: https://habitatbrasil.org.br/trabalho-voluntario/. Acesso em: 13 dez. 2024.
OLIVEIRA, Alkíndar de. O trabalho voluntário na casa espírita. Catanduva: Petit Editora, 2001.
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