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Acolhimento


“Vem e segue-me tu” O convite de Jesus ecoa nos caminhos do mundo, concitando-nos ao encontro inevitável com as diretrizes da soberana lei divina e para atendê-lo cabe nos acolhermos, mutuamente, em todas as oportunidades de vivência da magnitude dos princípios por ele ensinados.

Quando acedemos a esse chamado vigoroso, partimos em busca das promessas de renovação nele contidas.

O Suave Rabi deixa sempre um rastro que exala o perfume da sua mensagem, o colorido das suas lições que cativam os corações sedentos de beleza e bondade. As almas que o buscam, anseiam pelo Pão da Vida e pela água viva a nutrir-lhes para sempre.

Nas estradas por onde transitam as multidões que procuram o Mestre de Nazaré, somos os estalajadeiros com o dever de amparar, inspirar, alimentar e reconfortar os transeuntes da evolução, a fim de que prossigam no abençoado périplo de redenção.

“Cartas vivas” do Evangelho, sejamos os sinais no caminho, relembrando aos jornadeiros o valor das suas buscas e a realidade do reino verdadeiro prometido e revelado na grandeza dos corações que os acolhem.

Acolher é encorajar nas horas de desânimo.

Amparar nos dias de vacilações.

Iluminar nas noites escuras da incerteza.

Velar nas longas invernias do coração que se mantém à distância.

Abraçar, quando se der o retorno às lutas abandonadas no ontem.

Mitigar a canícula da expiação, alimentada pelo remorso.

Festejar o êxito nos momentos de alegria verdadeira.

Acolhe os teus irmãos, confiados pelo Pai a tua providencial ação, para que os celeiros da tua alma sejam abarrotados do trigo da felicidade espalhada com generosidade. _______________________________________________________________________________________

Siá Tonha Siá Tonha atiçava as brasas do fogo. Embora a noite já se fizesse alta, estava insone, não conseguia conciliar o sono e era assim que ficava, quando alguém dela ia precisar. Os muitos anos de serviço prestado às almas moradoras no entorno do seu rancho, fizeram dela uma plantonista atenta, capaz de captar as necessidades dos seus protegidos, antes mesmo de baterem a sua porta.

Quando o dia findava e ela continuava em vigília, ah, era só esperar, porque o chamado logo chegava. E chegou - ouviu o ranger da porteira em uma fresta de silêncio da ventania. - Siá Tonha! Siá Tonha!

Era uma voz jovem, de um menino talvez.

A anciã ergueu-se e foi até a porta do rancho, abrindo-a e lutando com o minuano 1 que cortava a madrugada, quando viu a figurinha esguia a resistir também às lufadas para se manter em pé. Reconheceu-o à luz da chama da vela.

- Chico, é você meu filho! O que faz aqui com esse tempo medonho? Ele era um dos tantos rebentos, trazido ao mundo por aquelas mãos calosas e enrugadas.

- Minha mãe, Siá Tonha, ela está mal. A criança não consegue nascer. Corre lá, Siá Tonha, a mamãe vai morrer.

Chico começou a soluçar.

- Não fale assim, guri! Deus é que dá a vida e só ele sabe a nossa hora. Com o xale envolvendo-a para se proteger do vento, Antonia acomodou-se na pequena carroça que ia se arrastando em meio à noite. O rancho de Joana, finalmente, surgiu após um capão de mato de onde já começavam a se ouvir os gritos da infeliz mulher.

Quando adentrou o cômodo da parturiente, o cenário era de caos. Joana rolava no chão de um lado para outro, enquanto Januário, o marido apavorado, tentava segurá-la e consolá-la, sem êxito.

- Água quente e panos limpos, disse Antonia de forma lacônica, enquanto ia enlaçando Joana, com firmeza, fazendo-a voltar para a cama. Siá Tonha tinha uma ladainha conhecida e com força de acalmar qualquer situação. Enquanto balbuciava a sua cantilena, ia movendo a mão sobre a barriga da gestante, fazendo o sinal da cruz e foi percebendo, de imediato, a presença ameaçadora de um Espírito ligado à enferma.

O visitante sombrio olhou firmemente para Antonia e vociferou: - Eles são meus! Não se meta ou você também vai se ver comigo.

Siá Tonha estava acostumada a esses assédios e continuou imperturbável atendendo Joana. Enquanto continuava a sua oração e a aplicação de fluídos sobre a região genésica da paciente, envolvia o adversário em vibrações enérgicas, sem reagir as suas provocações. Em torno da cama, uma luminosidade começou a se formar e o organismo físico da mãezinha, em trabalho de parto, ia absorvendo as energias movimentadas pela humilde benzedeira. Quando o sol surgiu, serpenteando sua luz por entre as nuvens que se dissipavam, Joana sorria, contemplando a filhinha que Siá Tonha colocara em seus braços. O vento amainara e a campina úmida era como um grande painel de pequeninas contas transparentes, compondo o tesouro da natureza. Antonia voltava para casa e confabulava com um companheiro que ganhara na noite anterior.

- Tu tens poder, hem velha? - Só Deus, meu filho! Dele é todo o poder! Tu queres o poder de Deus, também? O acompanhante de Siá Tonha estava intrigado com a força e a tranquilidade que emanavam daquela pequena criaturinha, que não media forças com ele, mas não se rendia as suas ideias, nem se abalava com suas ameaças. Na verdade se sentia um tolo, como se estivesse conversando sozinho, sem lograr qualquer efeito contra ela. Perseguira durante toda a gravidez o seu desafeto e a cada vez que a mãe procurava as benzeduras daquela mulher era como se uma cortina impenetrável se erguesse entre eles. Assim fora naquela noite em que se julgava senhor da situação. Quando ela chegou, a sua presença foi neutralizada. O empenho de interferir no andamento dos fatos não surtira efeito. Acostumado aos embates violentos, nos quais se impunha à força sobre os seus adversários,

ali conhecera outra luta, e não conseguia identificar e impedir-lhe os resultados. Deveria ser a tal força do bem, advinda do Cristo, de quem ouvira muitas vezes falar e agora, na sua memória espiritual aflorava com lembranças difusas de perseguições e torturas. Mas a única contrariedade era com esse significativo alívio as suas próprias dores sempre que estava na presença daquela mulher. A contragosto não conseguia se afastar e ali estava ao lado dela, nem sabia muito a razão, mas era como se ganhasse um colo afetuoso e assim foi se

aquietando. Não percebeu, quando o pequeno grupo de entidades socorristas, liderado pelo venerando benfeitor Sepé, se aproximou para resgatá-lo. 1 Vento minuano ou simplesmente minuano é o nome dado à corrente de ar que tipicamente acomete os estados brasileiros do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. É um vento frio de origem polar. [..]Fonte: pt.wikipedia.org

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