Boas obras
Vinícius Lima Lousada1
Da mesma forma, brilhe a vossa luz diante dos homens para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai, que está nos Céus. (Mateus 5:16)2
Ao nos defrontarmos com o texto evangélico, somos instados a refletir sobre as lições que ele apresenta. Aliás, o relevo do Evangelho para o espírita está contido na perspectiva de Allan Kardec, de quem aprendemos que o Espiritismo “(...) É fruto do ensino coletivo dos Espíritos, ensino a que preside o Espírito de Verdade. Nada suprime do Evangelho: antes o completa e elucida.”3
Ao completar aquilo que Jesus não pôde revelar por conta dos limites da humanidade, naquele estágio de progresso intelecto-moral, e elucidar os ensinamentos do Mestre, através do conhecimento do elemento espiritual, a Doutrina Espírita dá-nos uma chave de interpretação importante, desataviada de dogmas e fanatismos, aliando fé e vivência equilibrada da racionalidade.
Na assertiva que trouxemos para o campo de reflexões deste texto, encontramos Jesus concitando os discípulos a brilharem a própria luz para que aqueles que vissem as suas boas obras reconhecessem a Deus e suas Leis glorificando-O. Vejamos um pouco do que podemos pensar a respeito disso.
Brilhar a própria luz - praticar os ensinamentos do Mestre em nossa vida constitui-se em um caminho de sabedoria prática que nos conduz à autoiluminação. E, nesse sentido, Joanna de Ângelis ensina que “Ninguém consegue identificar-se com a autoiluminação não estando disposto ao esforço por educar-se, comportando-se com equilíbrio diante das circunstâncias que defronta no processo social, assim como nos fenômenos e ocorrências pessoais.”4 Não há o que acrescentar, a lição é clara: a iluminação é fruto de autoeducação.
Boas obras - devem ser compreendidas na prática do bem pelo bem, nas ações desenvolvidas em prol do bem comum sem busca de qualquer forma de retorno direto ou indireto de seu agente, seja de âmbito moral ou material e sem condições impostas por laivos de personalismo. Recordemos que no campo da virtude “A mais meritória é aquela que se baseia na caridade mais desinteressada.”5
Glorificar a Deus - servindo ao próximo com abnegação, o discípulo pode levar alguns companheiros de luta terrena, através de sua atitude, à glorificação de Deus. Glorificar ou dar glória significa enaltecer, reconhecer o valor e, nesse caso, a grandiosidade do Pai Celeste. A conduta benevolente é capaz de infundir a crença no bem e na Bondade Divina, levando esperança e gratidão a todos.
Assim, conscientes de que a nós compete a efetivação das boas obras, meditemos nas anotações desta trabalhadora singular do movimento espírita, Yvonne Pereira:
O espírita sincero, que compreendeu e assimilou a essência da Doutrina que professa; o espírita que, assimilando essa essência, reconheceu que precisa reformar-se, operando em si mesmo uma ressurreição de valores morais, renovando o próprio caráter, os hábitos, os pensamentos, as ações, a vida, enfim, esse espírita está para a vida atual como os cristãos do primeiro século estavam para a sociedade do seu tempo.6
Referências bibliográficas:
1 Vice-presidente de Unificação da Fergs.
2 O Novo Testamento. trad. Haroldo Dutra Dias. FEB. Edição do Kindle.
3 KARDEC, Allan. A gênese. FEB Publisher. Edição do Kindle, Cap. XVII, item 40, p. 379.
4 FRANCO, Divaldo Pereira. Elucidações psicológicas à luz do Espiritismo. 3a. ed. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. organizado por Geraldo Campetti Sobrinho e Paulo Ricardo Pedrosa. Salvador: LEAL, 2017.
5 KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Trad. J. Herculano Pires . Paidéia. Edição do Kindle, questão 893.
6 PEREIRA, Yvonne do Amaral. À luz do consolador (Coleção Yvonne A. Pereira). FEB. Edição do Kindle.