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Carta sobre as paixões e a vontade

  • Foto do escritor: fergs
    fergs
  • 10 de abr. de 2020
  • 3 min de leitura


Coração amigo, creio que tens razão ao me propor uma questão em torno da vontade como recurso de domínio do Espírito sobre as paixões. Ante tua fraternal provocação, pus-me a pensar e procurei, naturalmente, recursos para isso nas obras de Allan Kardec a fim de observarmos a compreensão da Filosofia Espírita sobre o tema das paixões, novamente, e sua relação com a vontade.

Ao debruçar-se sobre a temática das paixões, em O Livro dos Espíritos[1], o nobre Allan Kardec obteve dos Espíritos Superiores a significação desta categoria filosófica que compreende um rol de emoções ou sentimentos que nos conectam com as necessidades e apetites do corpo que, em princípio, nos impulsionam à co-criação nas diversas instâncias da vida.

Com base na explanação dos Espíritos, na fonte referida acima, podemos chegar a algumas conclusões:

1º) A paixão, em seu princípio, se traduz num sentimento ou necessidade natural e está relacionada à dupla finalidade providencial da manutenção da existência física e do progresso do Espírito;

2º) A paixão precisa ser governada para ser colocada a serviço de seu princípio, ou seja, incentivar através da busca do atendimento das necessidades corpóreas o progresso do Espírito;

3ª) O domínio das paixões sobre o Espírito o conduz aos excessos, constituindo-se em desvio de sua finalidade e retardo em seu progresso espiritual;

4º) A má paixão ou a paixão, propriamente dita, está no excesso e, nele o Espírito aproxima-se mais da natureza corporal do que espiritual;

5º) O sentimento elevado, por sua vez, revela o predomínio do Espírito sobre a vida corpórea e progresso espiritual em processo adequado à finalidade da reencarnação.

Observe, amizade, que as paixões são um instrumento a serviço da vida e de nossa evolução espiritual, devendo estar sob o nosso controle, jamais o inverso.

Agora, algo que para mim fica evidente que, a par desse saber, fica uma interrogação: onde podemos haurir forças para suportar os reclamos da matéria e não permitir que o atendimento de nossas paixões caminhem para o abuso, ao ponto de nos escravizar?

Fato é que a vontade, essa potência da alma, como um dia descreveu o sábio Léon Denis, deve ser posta em ação porque o seu poder, quando orientado por uma inteligência que quer crescer em virtude, é capaz de mudanças inimagináveis na natureza moral do indivíduo. Disse o filósofo: “Querer é poder! O poder da vontade é ilimitado. O homem, consciente consciente de si mesmo, de seus recursos latentes, sente crescerem suas forças na razão dos esforços.(...)”[2]

Para que as paixões estejam ao nosso favor, a vontade precisa ser direcionada pelo pensamento lúcido e educada pela razão de forma conjugada ao sentimento elevado, nobre, inspirado pelo desejo da aquisição de ciência, justiça e de amor - nossas metas evolutivas, segundo o Espírito de Paulo, o apóstolo[3].

Mas, muitos de nós reconhecemo-nos com uma vontade tíbia ante os condicionamentos inferiores, descobrindo-nos quase joguetes destes, como então superar esse quadro? Bom, os Espíritos colocam o livre-arbítrio acima dos condicionamentos, afirmando que “(...) Não há, porém, arrastamento irresistível, uma vez que se tenha a vontade de resistir. Lembrai-vos de que querer é poder.”[4]

Assim, ao que nos parece, o nosso papel é resistir aos arrastamentos ou condicionamentos das más paixões, buscando o equilíbrio no atendimento às necessidades materiais da vida, alinhando sempre as mesmas aos objetivos da reencarnação.

Fico por aqui, estenderei a nossa correspondência em torno do tema das paixões mais uma vez, mas, se permitires e tiveres interesse, gostaria de acrescer à reflexão algumas considerações sobre a contribuição da prece no abrandamento das paixões.

Até a próxima.

Vinícius Lima Lousada[5]


Referências: [1] KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, questão 908. (Fonte: https://www.kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/2/o-livro-dos-espiritos/234/parte-terceira-das-leis-morais/capitulo-xii-da-perfeicao-moral/as-paixoes) [2] Denis, Léon. O problema do ser, do destino e da dor (Locais do Kindle 6581-6582). FEB. Edição do Kindle. [3] KARDEC, Allan. O livro dos espíritos, questão 1009. (Fonte: https://www.kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/2/o-livro-dos-espiritos/3415/parte-quarta-das-esperancas-e-consolacoes/capitulo-ii-das-penas-e-gozos-futuros/duracao-das-penas-futuras/1009) [4] KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, questão 845. (Fonte: https://www.kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/2/o-livro-dos-espiritos/3225/parte-terceira-das-leis-morais/capitulo-x-9-lei-de-liberdade/livre-arbitrio/845) [5] Educador, escritor e palestrante espírita, coordenador do Setor de Formação de Lideranças Espíritas da FERGS.

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