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Cuidados com a baixa visão



Sonia Hoffmann


A deficiência visual apresenta grande espectro de possibilidades, se caracterizando por envolver a cegueira e a baixa visão. Por sua vez, a baixa visão também possui uma diversidade de manifestações, pois este comprometimento situa-se entre 10 e 30% da capacidade visual de alguém, portanto, a acuidade visual, nesta condição, é muito variável.

Em geral, a baixa visão, de modo simples, é definida como condição na qual a visão da pessoa não pode ser totalmente corrigida mesmo com uso de óculos. Consequentemente, este transtorno visual interfere na autonomia e independência quanto à total realização de muitas das atividades diárias, leitura e locomoção. Nem sempre, porém, ela necessita utilizar o Sistema Braille e a aplicação da bengala em sua rotina e sim a adoção de outras estratégias de acessibilidades. Por isto, a grande importância do diálogo, observação e de testagens para sabermos quantificar e qualificar o resíduo visual com segurança.

Este comprometimento é o resultado de diferentes condições oftalmológicas como, por exemplo, glaucoma, degeneração macular, retinopatia diabética, descolamento de retina, ou catarata. Cada uma destas causas traz diferentes espécies de efeitos na visão da pessoa, dificultando seu desenvolvimento se não for auxiliada a lidar com a situação visual e o resíduo apresentado. A pessoa pode apresentar uma visão periférica, quando ela capta apenas aquilo que não está centralizado, precisando, muitas vezes, inclinar a cabeça ou o corpo lateralmente. Sua visão é tubular, quando ela capta somente as imagens focalizadas como em um tubo, somente o centralizado e, por isto, a assimilação da informação visual total é mais lenta. Esta lentidão ou a necessária inclinação devem ser respeitadas pelas demais pessoas, pois este é o modo que alguém encontra para fazer uso funcional do seu resíduo).

Os recursos de ajudas podem ser ópticos (como óculos, lentes corretivas, lupas simples e/ou eletrônicas) e não ópticos. A quantidade de luz (excesso ou carência) pode trazer inconvenientes para a pessoa com baixa visão. O melhor é sempre conversar com ela para verificar como e quando fica mais confortável e adequado para ela enxergar. Algumas sugestões para facilitar a participação de alguém com baixa visão nas atividades da instituição espírita podem ser desde complexas até de bastante simplicidade, importante é que sejam funcionais, factíveis e exequíveis.

Para leitura de um texto, o tiposcópio poderá ser utilizado, porque é um guia confeccionado em cartão ou material plástico, na cor preta, com fenda com altura para duas linhas e largura total do texto a ser lido, sendo modificado de acordo com a necessidade. Sua função é reduzir o reflexo da luminosidade sobre o papel branco (a qual poderá ofuscar a percepção), aumentar o contraste da linha com o fundo a ser lida e facilitar para a pessoa a localização e o seguimento textual.

Papel brilhante para a impressão de texto ou imagens deve ser evitado, pois elegera maior reflexão da luz e maior ofuscamento. A preferência é adotar papel opaco e de boa gramatura. Outra possibilidade de redução do reflexo luminoso no documento e melhorar seu contraste, é aplicar acetato amarelo disposto sobre o texto.

A luminosidade adequada sobre uma superfície é obtida quando uma fonte de luz é posicionada o mais próximo possível da área de trabalho. Esta fonte móvel facilita a focalização, sendo desnecessário aumentar a potência da lâmpada fixa. Luminárias direcionais (e com braços flexíveis) com fundo branco são úteis para aumentar a reflexão da luz ambiental. É preciso entender que quanto menor for o contraste e o tamanho da letra, mais quantidade de luz incidente será necessária.

Para adequação do excesso de luminosidade do ambiente, podem ser também utilizados os recursos não ópticos como: viseiras, chapéus e bonés com abas; armações de óculos com proteções laterais para evitar a entrada de radiação indesejada; óculos com lentes filtrantes (devendo ser receitadas pelo médico oftalmologista).

Quanto mais escuro for o mobiliário, e quaisquer outros itens de decoração, há influência na menor resolução visual porque o ambiente fica mais escuro e acontece absorção de mais luz. Corredores e escadas devem ser iluminados com, no mínimo, 1/3 da luminosidade normal dos demais cômodos. Deste modo, é diminuído o tempo necessário para a pessoa adaptar-se ao passar de um ambiente para áreas de circulação e escadas, aumentando a visibilidade dos degraus, desníveis e outras barreiras, assim como o risco de acidentes são reduzidos.

Cortinas para controlar a luz solar são excelentes opções e quando uma tarefa for realizada, a pessoa deve ser posicionada ou ficar de costas para a janela. Dessa maneira, a luz solar incidirá sobre a área de trabalho e não causará ofuscamento.

Para tornar acessível a visualização de textos, escolha fontes (ou caracteres) limpas, Arial e Verdana. Fontes com serifa, decoradas, distorcidas ou cursivas devem ser evitadas, tanto quanto colocar frases ou parágrafos em itálico. O contraste precisa ser aumentado, facilitando a leitura para todos. Como exemplo de bons contrastes temos letra preta/fundo branco, letra branca/fundo preto e letra amarela/fundo preto. Contrastes ruins são letra verde limão/fundo amarelo, letra branca/fundo amarelo, letra branca/fundo azul anil. A relação mínima de contraste é 4-5:1 e o ótimo a partir da relação 7:1. Para exposição de slide, aumente o tamanho da fonte e da imagem conforme a necessidade da pessoa, evitando fundo decorado ou com imagens.

Entretanto, sejam quais forem os recursos ópticos e não ópticos usados, é sempre importante considerar que a visão, da maneira que for, conforme Emmanuel (2009), não é uma exclusividade dos olhos físicos, porque "refletir é ver com a consciência. Imaginar é ver com o sentimento. Calcular é ver com o raciocínio. Recordar é ver com a memória. Por isso mesmo, a visão é propriedade vasta e complexa do Espírito, que se dilata e se enriquece constantemente, à medida que nossos poderes e emoções se desenvolvem e se aprimoram".

Assim, para efetivar o processo de inclusão, tenha sempre em mente que as acessibilidades e o estudo são contribuições importantes para uma interação fraterna, solidária e significativa.


Referências:


EDUCAÇÃO especial - deficiência visual. Disponível em:

EMMANUEL (Espírito). Alma e luz. Psicografado por Francisco C. Xavier. Araras: Editora Ide, 2009. Mensagem 01: Ver.

OLIVEIRA, Hilton. Baixa visão & dicas. Disponível em: https://drhiltonoliveira.com.br/baixa-visao/. Acesso em 17 out. 2023.

SILVA, Juliana Dantas Galdino. Textos acessíveis para pessoas com deficiência visual. Disponível em: https://www.ifpb.edu.br/assuntos/fique-por-dentro/textos-acessiveis-para-pessoas-com-deficiencia-visual. Acesso em 17 out. 2023.

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