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Desenvolver a Espiritualidade



Vinícius Lima Lousada[1]


“(...), habilite-se também, desenvolvendo os dons psíquicos que herdou da sua divina origem... Impulsione pensamento, vontade, ação, coração, por meio das vias alcandoradas da Espiritualidade superior... E atingirá as esferas astrais que circundam a Terra!”[2]


Das leituras de Memórias de um suicida, colho para as nossas reflexões mais um pequeno excerto. Seu autor espiritual nos convida a um verdadeiro programa educativo: desenvolver os dons psíquicos, direcionando a vontade, a ação e o coração na direção de faixas de vivência espiritual mais elevadas que se alinham logicamente às nossas necessidades educativas no momento presente.

Os dons psíquicos podem ser compreendidos tanto como os potenciais anímicos da criatura humana quanto às faculdades mediúnicas.

Paulo de Tarso, em sua primeira Epístola aos Coríntios se refere à diversidade de dons espirituais que, à luz do pensamento espírita, remete à mediunidade cujo conteúdo vertido, quando praticada religiosamente, provém da Espiritualidade Superior.

Kardec, em O Livro dos Médiuns teve ensejo em catalogar a mediunidade considerando os tipos de médiuns que foram se apresentando diante de sua pesquisa sobre a faculdade medianímica, sendo estes: médiuns de efeitos físicos; pessoas elétricas; médiuns sensitivos ou impressionáveis; médiuns audientes; médiuns falantes; médiuns videntes; médiuns sonambúlicos; Médiuns curadores; Médiuns pneumatógrafos[3]. Naturalmente, a mediunidade deve ser desenvolvida em grupos para o estudo e prática da mediunidade em centros espíritas sérios, cônscios de sua missão, valores e visão institucionais.

Do ponto de vista individual, é fundamental que cada um de nós, na conquista do manejo dos potenciais mediúnicos labore por espiritualizar-se porque aí reside a grande meta do Espírito reencarnado.

Léon Denis, em seu substancioso estudo sobre O Problema do ser, do destino e da dor, aborda as potências da alma também, e nos convida ao seu desenvolvimento harmônico com foco e determinação. Neste sentido, pensamento, consciência, vontade, livre-arbítrio e amor compõem o mosaico dessas potências do ser integral, que podem florescer sob seu cultivo bem conduzido pelo Espírito engajado na busca de sua evolução anímico-consciencial.

Nesta esteira de reflexões sobre o desenvolvimento da espiritualidade, o professor Ney Lobo abordou o tema com muita maestria em artigo republicado no livro Espiritualidade nas relações: para viver e conviver em paz, da Fergs Editora. O eminente professor define espiritualidade ou espiritualização como


“(...) um processo progressivo e contínuo de desenvolvimento do Espírito pelo esforço íntimo e irrecusável desse mesmo Espírito, na promoção da germinação e do afloramento das sementes de perfeições espirituais depositadas pelo Criador no mesmo ato de criação das almas.”[4]


E, para esse processo, o educador paranaense postula que a ponte de transposição entre os conteúdos da Doutrina Espírita para a sua prática é o próprio Evangelho redivivo desde o Espiritismo. E, nesse sentido, temos na mensagem do Divino Amigo um circuito virtuoso de desenvolvimento de nossa espiritualidade para a transformação positiva de nós mesmos, libertando-nos dos círculos viciosos do atendimento às nossas imperfeições.

Penso que espiritualizar-se é desenvolver a inteligência espiritual, ”(...) aquela que permite situar a vida e os sentimentos em um contexto mais extenso e significativo, propiciador de objetivos mais duradouros e profundos, que facilita o entendimento para a escolha de um em detrimento de outro caminho para a autorealização. Essa inteligência Espiritual (QS) pode ser considerada como base de sustentação para as duas outras, oferecendo-lhes meios para a realização plenificadora de cada pessoa.”[5]

Desenvolver a inteligência espiritual ou espiritualizar-se é trilhar um caminho autoeducativo de aquisição das virtudes, tendo por ponto de partida a constituição de um sentido existencial altruísta e devotado ao bem, de forma que o indivíduo caminhe na direção do roteiro libertador do Evangelho.

Observemos que

“O Espiritismo nos dá as ferramentas para, em desenvolvermos a nossa inteligência’ espiritual - entendida aqui como um saber/sentir/agir que deve nos fazer melhores diariamente -, construirmos a nossa casa sobre a rocha, ou seja, habitarmos o mundo com um sentido espiritual mais profundo, alicerçado em uma ética transformadora e inquebrantável, por refletir o Evangelho de Jesus, que, segundo Kardec, é a melhor expressão da Lei Divina.”[6]


Referências: [1] Diretor da Área de Formação de Lideranças Espíritas - FERGS. [2] PEREIRA, Yvonne A. Memórias de um suicida. Pelo Espírito Camilo Cândido Botelho, sob a orientação do Espírito Léon Denis. 7. ed. 2ª. reimpressão. Rio de Janeiro: FEB, 2010, p. 24. [3] KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. trad. Guillon Ribeiro (Locais do Kindle 10983-10984). Brasília: FEB, 2015. Edição do Kindle. Cap. XIV, item 159. [4] LOBO, Ney. Projeto para o desenvolvimento da espiritualidade e sua técnica. BARBIERI, Maria Elisabeth da Silva. (org.) Espiritualidade nas relações: para viver e conviver em paz. Porto Alegre: Francisco Spinelli, 2017. [5] FRANCO, Divaldo. Elucidações psicológicas à luz do Espiritismo. 3. Ed. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Geraldo Campetti e Paulo A. Pedrosa. org. Salvador: LEAL, 2017, p. 223. [6] LOUSADA, Vinícius Lima. Inteligência espiritual: a casa sobre a rocha. Porto Alegre: FERGS, 2019, p. 15.

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