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Estações da Alma



Nosso planeta é uma nave azul jornadeando no espaço, tendo por eixo gravitacional o sol que a ilumina e confere-lhe condições de vida, enquanto ela cumpre seus ciclos e se aprimora em movimentos outros, dos quais o mais conhecido é o giro em torno de si mesma, brindando os seres que nela estagiam com o brilho do dia e a quietude das noites.

A natureza é sempre o espelho da vida em ponto maior, na qual as nossas existências encontram analogia para o processo evolutivo a que estamos submetidos.

Tal qual o Orbe que nos acolhe, gravitamos para Deus - o Sol da imortalidade - que faz com que o Existir se revista do sentido existencial, imantado ao norte da evolução, onde se mesclam os conhecimentos adquiridos e os sentimentos em aprimoramento contínuo.

Nesse trânsito temos as estações da vida nas quais experimentamos o gelo das provações intensas a estimularem-nos na busca dos recursos da inteligência, tornando-nos produtores exitosos no campo onde o Criador nos colocou a vindimar.

É nessas invernias existenciais que temos a chance bendita de elaborarmos, no íntimo, o combustível da razão, e lixiviar os sentimentos que nos tornam mais fortes, robustecendo a capacidade de enfrentar as dores, essas visitantes redentoras.

São as primaveras surgidas enquanto aprendemos a fazer a distinção entre os gorjeios sensibilizadores e ternos dos pássaros a enternecer nossa alma e os sons cativantes, mas traduzidos em cantos de sereia a nos conduzirem ao naufrágio em rochedos de enganos dolorosos.

Atravessamos os verões pujantes das conquistas, dos aplausos e dos dias escaldantes a nos sugerirem o repouso e o ócio, quando são o melhor tempo para o plantio das colheitas vindouras. Suportamos as melancolias dos outonos vivenciais, o declínio das motivações e o fenecer das ilusões assinalando a necessidade de buscar novos rumos e divisar outros horizontes.

São as estações que nos encaminham, cada uma com os desafios que patrocinam, a diferentes patamares de progresso, forjando a têmpera do homem de bem e sedimentando o caminho seguro ao encontro com o Pai.

No giro constante sobre as suas potencialidades, eis que o Ser experimenta seus dias radiosos e as noites estreladas facilitadoras do florescer de sentimentos profundos e ideias libertadoras, arremessando-nos no rumo do infinito ao encontro da nossa essência maior. Nos dias tempestuosos e noites escuras somos convocados às trilhas do autoconhecimento, cerrando os portais íntimos, onde se ocultam os equívocos necessitados de aclaramento.

Assim, evoluímos, concretizando o nosso destino e alicerçando a felicidade, esse Plano Divino para as nossas almas.

Mendes

28 de setembro de 2022.

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