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Evangelho e progresso espiritual




Vinícius Lima Lousada (1)



Dizia-lhes também uma parábola: Ninguém, ao rasgar remendo de veste nova, coloca sobre veste velha; senão, tanto o novo rasgará o velho quanto o remendo {tirado} do novo não se ajustará ao velho. (Lucas 2:21) (2)



A doutrina de Jesus veio despertar os indivíduos para uma nova forma de viver a espiritualidade de modo a se reconectarem com Deus desde a intimidade do próprio coração, quer dizer, mobilizá-los rumo a uma vivência religiosa de foro íntimo, constituída no altar da própria consciência onde residem inscritas as Leis Divinas.

Mergulhada no cotidiano simples, desataviada dos formalismos religiosos e presente em meio ao povo, a mensagem de Jesus se espalhava por conta do impacto de sua comunicabilidade alicerçada em um amor incomensurável, capaz de transformar as vidas dos que eram por ela afetados. 

Aquela Boa Nova, difundida de coração a coração, sem as complexidades do farisaísmo e destituída de linguagem enigmática, indecifrável ao povo, vibrava na alma de seus interlocutores dispostos a participarem da construção daquele novo tempo que Ele vinha trazer, desde aquela hora, para o futuro da humanidade. 

A presença do Mestre era arrebatadora a todos aqueles que buscavam com Ele as palavras de vida eterna, orientadoras da construção do Reino e explicativas quanto à dinâmica relação do Pai Celeste com Seus filhos. Os que efetivamente partilhavam da jornada transformadora com Ele, que se nutriam do conhecimento dispensado aplicando-o a si mesmos, nunca mais foram os mesmos. O que é muito lógico: novos saberes e novas vivências devem resultar em novas atitudes. O Evangelho se apresentava como uma nova forma de ver a Lei, um novo jeito de conhecer, amar, viver e cooperar com o mundo.

Entretanto, houve almas que escutaram ao Guia e Modelo mas não se vincularam ao seu ideal, mantiveram-se indiferentes. Outros, certamente, se colocaram no lugar de oposição sistemática, até porque a mensagem de Jesus ia à raiz dos dilemas daquela sociedade calcada em valores ainda dogmáticos, concitando a todos à superação do egoísmo pelo altruísmo, ao sacrifício do orgulho pela vivência da humildade e, finalmente, ao abandono do ódio racial, étnico, político e religioso em prol do amor incondicional. A regra a ser observada era (e ainda é) esta: Que ameis uns aos outros como {eu} vos amei.” (Jo 15: 13) (3)

Por isso, ao apresentar as Suas parábolas, comparações didáticas repletas de elementos da cultura popular para falar das coisas de Deus, o Mestre nos trouxe esta do “pano novo para remendar roupa velha”. Lembra o Amigo de sempre: “Ninguém, ao rasgar remendo de veste nova, coloca sobre veste velha; senão, tanto o novo rasgará o velho quanto o remendo {tirado} do novo não se ajustará ao velho.” Ou seja, o pano novo ao ser remendado em uma peça de roupa velha pode fazer com que o tecido já desgastado se rompa onde está costurado, não oferecendo o mesmo qualquer resistência, colocando, assim, todo o esforço e material empregado a se perder. Por outro lado, o pano novo pode destoar do velho.

O Evangelho, para atender a sua finalidade precisa encontrar na intimidade do ser uma disposição para a sua compreensão, um certo burilamento moral que dá a alma um entendimento sutil das consequências transformadoras das palavras do Mestre para si própria, como identificava o apóstolo da gentilidade em trecho de sua carta aos cristãos de Corinto: “Assim, se alguém está em Cristo, [é] uma nova criação. As coisas antigas passaram: eis que nasceram novas!” (2 Coríntios 5:17) (4)

O entendimento, a internalização e a aplicação da moral de Jesus expressa em seus ensinamentos requerem da alma um alinhamento ao desejo de progresso. Dizia, outrora, Léon Denis: “O progresso é a aspiração pelo melhor, pelo belo, pelo bem; é a prova da existência em nós de um princípio superior, de alguma coisa grandiosa, quase divina, que nos encaminha para destinos mais altos, que nos lança sempre para frente, nos domínios do pensamento e da consciência.” (5) Portanto, o contato com a doutrina de Jesus desenvolvido com o estudo do Espiritismo, em nosso caso, nos pede abertura para uma evolução consciente, onde os ensinamentos do Mestre devem se tornar pauta fundamental para o uso de nosso livre-arbítrio, orientando-nos pela sua perspectiva. 

Agindo assim, paulatinamente, introjetaremos a Boa Nova, refletindo-a em nossas atitudes. Por isso é bom fazer como nos recomenda Emmanuel (6) e permitir que o Evangelho palpite em nosso coração, renovando-nos a vida.


Referências:

1 Vice-presidente de Unificação da Fergs.

O Novo Testamento. trad. Haroldo Dutra Dias. FEB. Edição do Kindle.

O Novo Testamento. trad. Haroldo Dutra Dias. FEB. Edição do Kindle.

4AUTORES, vários. Bíblia - Volume II: Novo testamento: apóstolos, epístolas e apocalipse. Frederico Lourenço.trad. Edição do Kindle. São Paulo: Companhia das Letras, 2017, p. 353.

5 DENIS, Léon. O progresso. José Jorge. trad. 3. ed. Rio de Janeiro: CELD, 2009, 25.

6 XAVIER, Francisco Cândido. Perante Jesus. Brasília: FEB; São Paulo: IDEAL, 2021. p. 66.

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