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INCLUSÃO E ACESSIBILIDADES - Barreiras: embaraços para a inclusão



O encontro de contratempos ou de empecilhos para o desenvolvimento de uma atividade ou de alguém não é enfrentado por todos da mesma maneira. Para algumas pessoas, o enfrentamento de obstáculos pode, muitas vezes, trazer resultados bastante satisfatórios e até mesmo enriquecedores porque o ser humano se fortalece e realiza algumas aprendizagens bem significativas nestas ocasiões, buscando mesmo a organização de diferentes estratégias. Entretanto, outros encontram nestes complicadores, em determinadas situações, incentivo ou justificativa para a inação ou, então, estas dificuldades causam danos bastante nocivos à constituição psíquica de algumas pessoas que evidentemente não conseguem se desembaraçar, fixando-se na perplexidade, imobilismo, revolta, pessimismo. Estas duas reflexões podem ser aplicadas no desenvolvimento e participação de alguém com deficiência no ambiente social.

A Codificação Espírita traz o egoísmo e o orgulho como as duas grandes chagas e empecilhos evolutivos para a humanidade. Para as pessoas com deficiência, as barreiras, tabus e preconceitos se agregam a estas duas fontes prejudiciais para a demora na formação de uma sociedade justa e constituem agravantes para sua organização, pois quando o outro social utiliza estes cinco elementos: egoísmo, orgulho, preconceito, tabu e formação de barreiras, a pessoa pode intensificar sua vulnerabilidade, embora, em determinadas ocasiões, o somatório destas atitudes possam servir como estímulo para o crescimento, a conscientização de que ela deve promover esforços para superar-se e enfrentar adversidades. Talvez a raiz mesmo da presença de barreiras não esteja somente na ignorância (como indicativo de desconhecimento), mas no egoísmo e no orgulho.

A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, em seu texto introdutório, refere a deficiência como o resultado da interação entre pessoas com deficiência e as barreiras, por causa de atitudes e organização precária do ambiente, impedindo a sua plena e efetiva participação na sociedade, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas.

As barreiras podem ser classificadas em visíveis e invisíveis. Aquelas visíveis envolvem todos os impedimentos concretos, construídos, observados ou presenciados de ocorrência ostensiva, impedindo ou dificultando a inclusão e as acessibilidades para alguém a determinado espaço ou ação. As barreiras consideradas invisíveis dizem respeito ao modo ou entendimento escamoteado,

camuflado sobre a maneira como pessoas com deficiências são percebidas, definidas, contextualizadas e que geram exclusões, clandestinidades e se propagam pelos preconceitos referendados ou não como capacitismos. São também aquelas que reduzem alguém a sua deficiência e diferença sem considerar serem pessoas com capacidades, habilidades e possibilidades expressas por situações alternativas ou por registros peculiares e viáveis conforme suas necessidades.

O fato de inexistirem barreiras visíveis não significa necessariamente a não presença de barreiras invisíveis, pois alguém pode pura e simplesmente estar atendendo a um dispositivo de legislação, maquiando sua vulnerabilidade e insuficiência de conhecimento, externalização de empatia ou alteridade. Contudo, quanto menor ou nulo for o índice de barreiras invisíveis, maior será a probabilidade de barreiras visíveis prosseguirem constituídas ou criadas porque as pessoas tendem a refletir para o exterior aquilo que está em seu pensamento e sentimento.

Neste aspecto, a educação moral e intelectual são imprescindíveis para este processo de mudança. Porém, como menciona Leon Denis, a educação oferecida às gerações ainda é complicada, não esclarecendo a todos o caminho da vida, não favorece a tempera necessária para as lutas da existência, pois o ensino clássico tem seu predomínio ainda em guiar para o cultivo da inteligência. Esta educação pouco inspira a ação, o amor, a dedicação, orientando os impulsos e os esforços de alguém para um fim elevado. Entretanto, o desenvolvimento desta concepção saudável é indispensável a todo ser, a toda sociedade porque é o sustentáculo, a origem das virtudes e das inspirações elevadas.

Allan Kardec diz ter certeza quanto aos benefícios trazidos pelo amor do bem, pela renúncia de todo sentimento de desvalia. Para ele, somente o egoísmo interpõe entre as pessoas uma barreira intransponível.

A eliminação de barreiras provavelmente atesta a qualidade moral de uma sociedade e oferece para quem vivencia alguma deficiência ou diferença sua oportunidade de emancipação. Outros estímulos existem para alguém aprofundar seu progresso moral e intelectual. Portanto, a omissão ou a negligência da sociedade para estas eliminações precisam ser prudentemente estudadas, consideradas e enfrentadas positivamente.


Bibliografia:

DENIS, Léon. O problema do ser, do destino e da dor: os testemunhos, os fatos, as leis. 27. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2004.

KARDEC, Allan. Revista Espírita: Jornal de Estudos Psicológicos. ano II, p. 274, jul. 1859.

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