Lembrando o nosso Spinelli
Vinícius Lima Lousada[1]
O homem bom apresenta boa {coisa} do bom tesouro do coração, e o mau apresenta {coisa} má do seu mau {tesouro}. Pois da abundância {do} coração fala a boca dele. (Lucas 6:45)[2]
No dia 07 de outubro do corrente ano, registra-se como efeméride no movimento espírita a desencarnação de nosso irmão querido Francisco Spinelli, este “anjo bom” e “peregrino” dedicado às lides de união e fraternidade junto à nossa Seara. Partiu para a Vida Espiritual naquela data em pleno 1955, quando ainda era presidente da Fergs.
De seu caráter, conforme narra Zêus Wantuil, podemos destacar: afabilidade e a doçura nas tarefas unificacionistas e nas palestras; sinceridade e devotamento na divulgação do Espiritismo, inspiração para verdadeiras reformas morais; perseverança no ideal; estudioso e laborioso; humilde e coerente com o Evangelho de Jesus nas suas palavras, pensamentos e atos; Spinelli difundia a Boa Nova através da palavra calma e bem fundamentada, tanto quanto, pelo seu exemplo cristão.
Em seção da Revista O Reformador de novembro de 1955, a Federação Espírita Brasileira (FEB) reconhecia os efeitos benéficos da liderança de Francisco Spinelli no progresso que alcançou a Fergs, naquele período, e se solidarizou com a dor da partida do companheiro junto aos demais irmãos de ideal, considerando-o um grande e devotado amigo da Casa de Ismael, manifestando a certeza de que o nosso ex-presidente, a partir de então domiciliado no Mais Além, prosseguiria a inspirar os trabalhadores do movimento espírita[3] nas lides da Unificação para que seguissem voltados ao Mestre de Nazaré.
Anota-se, na Revista a Reencarnação, que tal era o devotamento de Spinelli quando encarnado que ele “(...) Queria tudo para os outros e nada para si, na sua infinita bondade.” O caravaneiro da fraternidade, que fez tremular as bandeiras da União e da Unificação na Serra Gaúcha, depois em outras regiões do Rio Grande do Sul, mais tarde e em prol do Pacto Áureo, estreitou os laços de fraternidade com a FEB e outras federativas ou centros espíritas do Brasil[4].
Por certo, o nosso Spinelli, por conta de seu devotamento, inseriu-se no panteão daqueles que podem ser tratados como belos traços do Espiritismo, como um dia referiu Allan Kardec:
“Vimos transformações que poderiam ser rotuladas de miraculosas; recolhemos admiráveis exemplos de zelo, de abnegação e de devotamento, numerosos casos de caridade verdadeiramente evangélica que poderíamos, com justiça, denominar: os belos traços do Espiritismo.(...)”[5]
Mais recentemente, na obra de Manoel Philomeno de Miranda (M. P. M.), vamos obter alguma percepção do trabalho daquele peregrino nos serviços redentores na vida espiritual, especialmente, junto aos sofredores cuja trajetória esteve marcada por um período turbulento de um cenário doloroso de pandemia.
Graças à ferramenta de busca para livros em formato e-book, vamos identificar, na obra, 43 ocorrências do nome de Spinelli. Ele é apontado pelo Espírito M. P. M. como o responsável pelas atividades que seriam divididas com um grupo de cinquenta Espíritos, do qual o autor espiritual faria parte. Francisco Spinelli é assim caracterizado no livro: Espírito de fala simples e direta, que “Irradiava peculiar luminosidade, e o seu sorriso tranquilizador desenhava em sua face a ternura e a bondade do verdadeiro líder.”[6]
E por falar em liderança, não é demais recordarmos que o
“amor cristão que deve orientar os adeptos do Espiritismo e precisa ser exemplificado pelas lideranças espíritas, em diversos contextos vivenciais, pois que o conceito de liderança servidora evidencia o dever de amar, como sentimento nobre que compõe o coração do líder espírita. (...)[7]
Mas, informa ainda, M. P. M., que ele “(...) continua vinculado a esse solo e aos corações que o habitam, mantendo intercâmbio constante, especialmente nas nobres atividades de unificação dos espíritas e das instituições orientadas pela Codificação Kardequiana.”[8] Nada obstante, a partir daquele momento, em razão das demandas das criaturas sofredoras por conta da pandemia em curso, ampliaria o seu escopo de influência salutar, junto de falange expressiva de Espíritos Bons para o socorro a irmãos nossos na condição de enfermos, desencarnados, obsessores e obsediados, bem como de sua evangelização.
Nesta passagem, de mais um ano de desencarnação de nosso Francisco Spinelli, evocamos as páginas de No mundo de regeneração para observamos o dedicado labor deste fraterno irmão, unificador por excelência, enquanto esteve reencarnado conosco e, também, no Mais Além, para nos unirmos junto ao seu coração bondoso em gratidão por tudo quanto ele pôde fazer pela Casa Máter do Espiritismo Gaúcho e por seu legado cristão.
Mas, sobretudo, para que não nos esqueçamos que sendo o Espiritismo o Cristianismo Redivivo, ele deve se materializar, através de nós, como serviço junto aos que sofrem e necessitam da luz libertadora da Doutrina que tanto nos engrandece a existência.
Te rogamos, amigo Spinelli, que prossigas com todos nós, lidadores do Evangelho no Pampa ou na Pátria do Cruzeiro e ampara-nos para que sigamos nos deveres redentores que nos competem, dialogando, cooperando, unindo e aprendendo a amar-nos uns aos outros como irmãos!
Referências: [1] Vice-presidente de Unificação da Fergs. [2] O Novo Testamento. trad. Haroldo Dutra Dias. FEB. Edição do Kindle. [3] FERGS. A Reencarnação. Dezembro de 1971, p. 20. (Acervo Digital da Fergs). [4] Vide: BARBIERI, Maria Elisabeth da Silva. Spinelli, o livro, as Caravanas - A década de 1950. in: CARVALHO; Larissa Camacho; BARBIERI, Maria Elisabeth da S. (orgs.). Um século de luz. Porto Alegre: Fergs, 2021. [5] KARDEC, Allan. Viagem Espírita em 1862. (p. 20). Casa Editora O Clarim. Edição do Kindle. [6] Idem, Edição do Kindle, p. 24. [7] SALUM, Gabriel; AMARANTE, Maicon de Brito do; BARBIERI, Maria Elisabeth da Silva (org.); LOUSADA, Vinícius Lima. O líder espírita - Volume 2.Porto Alegre: Fergs, 2021, p. 222. [8] Idem.
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