Luz do Mundo

Vinícius Lima Lousada[1]

Vós sois a luz do mundo. (Mateus 5:14)[2]

Ainda estamos meditando em torno da perícope dedicada à descrição que o Mestre realiza a respeito da missão dos discípulos. Neste momento, identificamos a afirmação do Divino Amigo aos companheiros que jornadeavam com Ele na edificação do Reino: Vós sois a luz do mundo.

O professor Carlos Torres Pastorino, lúcido estudioso da Bíblia à luz da Doutrina Espírita, tece uma consideração muito interessante ao se deter sobre este tema:

O ensinamento profundo da Luz que somos, devendo com ela iluminar o mundo, alerta-nos quanto às obrigações de nosso Espírito (individualidade). Não se pede que saibamos, nem que falemos apenas, nem que façamos, mas que SEJAMOS. O que importa é SER LUZ. Para chegar a ser Luz, só há um meio: È mergulhar na Luz Cósmica do Cristo, que declarou categoricamente "Eu sou a Luz do Mundo" (Jo. 8:12). Mas aqui, também em tom solene, afirma: "vós sois a Luz do mundo". Donde verificamos, ainda uma vez, que Jesus não se apresenta como uma exceção da humanidade, mas simplesmente como o modelo de todos nós. Desde que, como Ele, consigamos unificar-nos com o Cristo Cósmico, com o Divino Logos, também seremos a Luz do mundo.[3]

Somos luz e, como ensinava Paulo, somos filhos da luz[4]. É importante viver como tal. Assim, depreendemos que a nossa vocação é o ser mais, é crescer em esclarecimento e amorosidade ao longo das vidas sucessivas, de forma que a inteligência bem aplicada ao bem seja alavanca do progresso moral da criatura.

André Luiz, na obra Mecanismos da Mediunidade, refere os estudos do físico e matemático escossês James Clerk Maxwell (1831-1879), voltados ao eletromagnetismo, através dos quais “previra que todas as irradiações, inclusive a luz visível, pressionam os demais corpos.”[5] Assim, a luz guarda a possibilidade de interferir no estado de outros elementos, como verificou com um jato de uma lâmpada sobre uma quantidade de poeira, onde esta última teria se curvado diante da força da luz.

Nascidos da luz e, portanto, vocacionados a iluminar e impactar vidas de forma que ninguém viva em trevas, precisamos nos perguntar o quanto de luz temos fomentado nos caminhos humanos e, assim, se estamos promovendo o bem e a paz. Estamos?

Quando lemos as palavras de Jesus sobre sermos a luz do mundo, descortinando-nos uma visão sobre as nossas responsabilidades espirituais para com o próximo, identificamos também que nos cabe a autoiluminação? Aliás, que processo será esse?

Vamos, aí, recorrer a Emmanuel para compreender que “No complexo das vidas diversas, o estudo prepara; todavia, somente a aplicação sincera dos ensinamentos do Cristo pode proporcionar a paz e a sabedoria, inerentes ao estado de plena iluminação dos redimidos.”[6]

Dessa forma, depreendemos que o discípulo realiza a sua condição de luz do mundo na medida em que aplica a si próprio os conceitos libertadores do Mestre. Não basta saber, é preciso viver o saber. É neste caminho de autoiluminação que, alcançando harmonia interior, faremos com que ela se reflita na sociedade.

Jesus, o protótipo do homem integralmente iluminado, é a referência a seguirmos, pelos caminhos diários do amor ao próximo. Então, na esteira da arte espírita, façamos como aponta a canção “Luz das Luzes[7]”:

“Luzes perdidas, asserenai

Eis o roteiro: segue Jesus

A luz da Luz, a Luz das luzes

Luzes da Luz, segue Jesus…”

Referências:

[1] Vice-presidente de Unificação da Fergs. [2] O Novo Testamento. trad. Haroldo Dutra Dias. FEB. Edição do Kindle. [3] PASTORINO, Carlos T. Sabedoria do Evangelho. Rio de Janeiro: Sabedoria, 1964, p. 97. [4] 1 Tesalonicenses, 5:5. [5] XAVIER, Francisco Cândido; VIEIRA, Waldo. Mecanismos da mediunidade. FEB. Edição do Kindle. [6] XAVIER, Francisco Cândido. O consolador. Pelo Espírito Emmanuel. FEB Publisher. Edição do Kindle, p. 154. [7] Composição de Tim Santos e Gladston Lage, que pode ser acessada em: https://www.youtube.com/watch?v=9EZwklK0HR4