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Mediunidade, pensamento e sintonia




Vinícius Lima Lousada[1]

 

 

“Os Espíritos imperfeitos se afastam dos que os repelem; consequentemente, o aperfeiçoamento moral das coletividades, assim como o dos indivíduos, tende a afastar os Espíritos maus e a atrair os bons, que estimulam e alimentam o sentimento do bem nas massas, como outros podem lhes insuflar as más paixões.”[2]

 

Allan Kardec, ao dedicar-se ao estudo experimental dos fenômenos espíritas obteve, entre os excelentes resultados, a identificação da possibilidade da comunicação dos Espíritos com o mundo corpóreo através dos recursos medianímicos dos indivíduos encarnados. Dessa forma, legou-nos o mestre a base de um campo de estudos imenso para a compreensão da partilha permanente de impressões que produzimos e recebemos em nossas relações com os Espíritos, junto aos nossos interesses e ocupações, pela similitude de pensamentos e conduta que estabelece diversos níveis de sintonia e, por conseguinte, de convívio interexistencial.

A natureza de nossos envolvimentos traduzem o nosso progresso espiritual, tanto quanto, nos informam da qualidade moral dos Espíritos com os quais temos convivido, explicitamente percebidos quando somos dotados de uma mediunidade que se evidencia, ou de forma mais velada, através da influência dos Espíritos no mundo corporal.

André Luiz, com a sua escrita comprometida em descortinar com analogias mais próximas de nossa esfera de atuação aspectos importantes das relações com o mundo dos Espíritos, reiterando ensinamentos das obras de Allan Kardec, nos lembra da importância da mente na base dos processos mediúnicos. E, considerando que todos somos, como apreendemos de O Livro dos Médiuns, mais ou menos médiuns, nos situamos, desse modo, na condição de intérpretes dos Espíritos em variados graus. Conforme seja a nossa vida mental, será a qualidade do que externamos daquilo que recolhemos do mundo espiritual e entregamos nas comunicações mediúnicas.

Respiramos o clima psíquico que cultivamos diariamente através dos pensamentos que produzimos. No pensamento reto construímos um estado de alma de harmonia. No pensamento atrelado ao vício, nos algemamos à desarmonia mental. Os fluidos que emitimos são o resultado da qualidade moral da alma que somos e estes se associam aos pensamentos e fluidos daqueles que sintonizam conosco.

Somos uma individualidade, com livre-arbítrio, mas interconectada a outras mentes através de nossas irradiações mentais que navegam pelo fluido cósmico universal incessantemente. E, pelos potenciais criativos do pensamento, constituímos uma atmosfera fluídica viva, caracterizada com o que trazemos por dentro e visível a todos quantos sintonizam conosco, como exteriorização de nossos fluidos perispirituais.

Igualmente, através do que Kardec chamou de poros perispiríticos[3] na obra A Gênese, assimilamos os fluidos emitidos por outras mentes, reencarnadas ou desencarnadas, nutrindo o circuito fluídico de convivência que pode ajudar-nos a elevação espiritual ou atrasar os passos nesta senda.

Daí, é justo que examinemos a questão da mediunidade considerando sempre o relevante aspecto da sintonia porque que a correspondência de nossas construções mentais com as dos benfeitores espirituais alicerçam a qualidade das comunicações mediúnicas recebidas e previnem as mistificações de Espíritos descomprometidos com a doutrina libertadora do Espiritismo. Igualmente, a falta de sintonia fragiliza o resultado dos trabalhos mediúnicos, favorecendo intervenções inadequadas dos falsos profetas da erraticidade, com os seus sistemas particulares e ideias viciosas.

A educação do pensamento é um recurso indispensável para o servidor da mediunidade ou para todo aquele que, considerando a sua condição de ser interexistencial, quer assimilar ideias salutares e exteriorizar fluidos e criações mentais edificantes. Nesse sentido, observando uma alocução de Áulus, registrada por André Luiz, identificamos que a educação necessária ao devido aproveitamento mediúnico perpassa, certamente, a elevação de “(...) nosso padrão de conhecimento pelo estudo bem conduzido (...)”[4] e o apuro da “(...) qualidade de nossa emoção pelo exercício constante das virtudes superiores, se nos propormos a recolher a mensagem das grandes almas.”[5] 

Portanto, tenhamos em mente que pensar no bem, agir pautado nele e construir virtudes deve ser o nosso compromisso diário em termos de autoeducação para a boa sintonia e o correspondente salutar exercício da mediunidade, onde e quando a Providência Divina nos permitir servir.


Referências:


[1] Vice-presidente de Unificação da Fergs.

[2] KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. FEB Publisher. Edição do Kindle, questão 518.

[3] KARDEC, Allan. A gênese. FEB Publisher. Edição do Kindle. Cap. XIV, item 18.

[4] XAVIER, Francisco Cândido. Nos domínios da mediunidade. Pelo Espírito André Luiz. 36. ed. Brasília: FEB, 2023, p. 17.

[5] Idem.

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