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Nós somos a Natureza




Nelson Almeida

Multiplicador do Programa Gestão do Saber Ambiental da Fergs

S.E. Seara do Mestre – UME Santo Ângelo – CRE 8


A nossa casa planetária apresenta uma imensa diversidade de ecossistemas e seres vivos: montanhas, florestas, campos, banhados, desertos, rochedos, rios, lagos, oceanos e muitos outros habitats. Essa imensidão abriga uma variedade incrível de criaturas, tais como capivaras, preás, veados, macacos, pássaros, peixes, abelhas, formigas, lagartos, e milhares de outras. Bactérias, fungos, vírus e protozoários, escondidos em seu mundo microscópico, vivenciam uma realidade aparentemente sem ligação nenhuma com a nossa, dos seres racionais. Muitos podem pensar que cada ser vivo cuida de sua própria vida, sem influenciar ou ser influenciado por outros.

Contudo, isso é apenas uma falsa impressão. A natureza mantém uma íntima interdependência entre os seres vivos e o meio ambiente. A nossa constituição biológica é parte da matéria e energia naturais. Somos habitat de outros seres vivos e nos alimentamos de outros organismos (vegetais ou proteína animal).

Somos parte de um sistema complexo e interligado, onde cada árvore, rio, animal e brisa faz parte da natureza. Quando desencarnamos, os micro-organismos reaproveitam a matéria orgânica do nosso corpo. A nossa saúde está ligada à saúde do planeta.

A natureza fornece ao ser humano elementos básicos para a vida, como água, alimento, energia e ar puro. A natureza também oferece oportunidades para recreação, inspiração e benefícios psicológicos e espirituais.

“Assim, tudo no Universo se liga, tudo se encadeia, tudo se acha submetido a grande e harmoniosa lei da unidade” (A Gênese, de Allan Kardec. Cap. XIV, item 2). O nosso planeta não está subdividido em pequenas partes independentes, mas, sim, ele é único.

A ideia de que o homem faz parte da natureza, ao longo do tempo, foi alterada, passando de uma visão mágica, para uma visão mecanicista até o olhar utilitarista, em que a natureza é vista apenas como fonte de recursos. Na história humana a natureza foi vista como paisagem onde ocorriam manifestações divinas e onde era possível obter-se recursos à sobrevivência sendo, na história das ciências, a fonte mais importante à sua consolidação.

O conceito da natureza parece ter oscilado sempre entre duas tendências opostas: uma que pensa a natureza como divina, viva, ou como um imenso super-organismo vivo, e outra que a concebe como uma grande máquina, desprovida de alma. Toda sociedade, cada cultura cria, inventa, institui uma determinada ideia do que seja a natureza. Nesse sentido, o conceito de natureza não é natural, sendo, na verdade, criado pelos homens.

Atualmente, a humanidade enfrenta graves problemas socioambientais, embora o nosso planeta possua uma biodiversidade inimaginável e uma surpreendente abundância de recursos naturais.

Nos últimos 40 anos, dizimamos mais de 50% da fauna silvestre do planeta. Nós estamos utilizando 50% a mais dos recursos que a Terra pode fornecer.

A relação entre o homem e o meio ambiente provavelmente nunca esteve tão condenável. Infelizmente, o capital tem utilizado a natureza como o principal meio de obter lucros.

No entanto, essa ideia de que a natureza deve ser dominada, sobrepujada, conquistada, nos remete a épocas bem anteriores ao próprio capitalismo moderno. O grande problema da sociedade atual é que as questões socioambientais revelam uma forma de produzir cada vez mais insustentável, que visa ao lucro sem considerar as consequências e que é baseada na produção industrial incessante e no estímulo ao consumo indiscriminado.

Entretanto, lucros exorbitantes não justificam (ou pelo menos não deveriam justificar) milhares de espécies extintas, a poluição do ar, da água e do solo, a depredação dos recursos naturais, o aquecimento global, o “buraco” na camada de ozônio, a chuva ácida, o desmatamento e, o enorme número de doenças relacionadas aos problemas ambientais, tais como as respiratórias e as infecciosas, além dos indicadores de uma degradação social generalizada, como a fome e a pobreza.

Não é de hoje que as questões ambientais têm preocupado vários setores da sociedade e motivado o surgimento de inúmeros movimentos de sensibilização acerca da urgente necessidade de interagirmos com o mundo preservando o meio ambiente, de modo a não comprometer os recursos naturais. Num processo chamado Sustentabilidade!

Essa preocupação é demonstrada com clareza por Allan Kardec na questão 705 de O Livro dos Espíritos: “Porque nem sempre a Terra produz bastante para fornecer ao homem o necessário?” Na resposta os Espíritos codificadores esclarecem: “É que, ingrato, o homem a despreza! Ela, no entanto, é excelente mãe. Muitas vezes, também, ele acusa a Natureza do que só é resultado da sua imperícia ou da sua imprevidência...

Apesar dos debates em torno desse tema, grande parcela da sociedade permanece ignorante quanto às suas responsabilidades nesse setor da existência: a inter-relação dos seres humanos com o meio ambiente.

Pensando nisso, e conforme a proposta básica do Espiritismo, que é iluminar as consciências, a Federação Espírita Brasileira aprovou a Campanha Espírita Permanente de Conscientização Ecológica. A finalidade da CEPCE é promover a conscientização do cidadão espírita sobre suas responsabilidades perante a Natureza, por meio de uma educação que transcenda os interesses exclusivamente humanos (não-antropocêntrica) e inclua o direito de viver de todas as espécies (não-especismo), oferecendo subsídios teóricos e práticos que contribuam para a mudança individual e coletiva, em prol do equilíbrio dos ecossistemas.

Todos nós seremos convocados a “conhecer mais para agir melhor” e, assim, seguir a recomendação de Emmanuel que, através da psicografia de Francisco Cândido Xavier, na obra Renúncia, nos lembra que "O mundo material é uma tenda de esforços infinitos, onde fomos chamados a colaborar com o Criador no aperfeiçoamento de suas obras."

Entender que somos natureza é uma forma de autoconhecimento. A natureza segue os seus ciclos e o seu ritmo, e nós também devemos seguir.

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