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O brincar inclusivo - Importância e necessidade




Sonia Hoffmann

 

O brincar é a linguagem e a atividade mais espontaneamente inclusiva da criança, ultrapassando diferenças, culturas, crenças, condição social antes dela se tornar contaminada pelos preconceitos e barreiras nela incutidos, muitas vezes, pelos adultos ou de nela se aflorarem deturpações que permaneceram de outras encarnações.

A introdução de brincadeiras é algo extremamente importante e necessário nas diferentes etapas infantis. Apesar de muitas pessoas conceberem a brincadeira, o brincar, o jogo como algo destituído da concepção de trabalho é nesta ação lúdica (livre ou dirigida, individual ou coletiva) que o ser trabalha suas potencialidades, na identificação da dinâmica e funcionamento do seu mundo interno e externo. Portanto, a diversidade de formas da ludicidade tornam-se estratégias pedagógicas e psicológicas de imenso valor e contributo para a constituição da cidadania e qualificação do ser com mais leveza, segurança, interatividade, socialização, autonomia, independência e entendimento dos próprios limites a partir do (re)conhecimento de suas aptidões e habilidades motoras, intelectuais, emocionais e mesmo morais.

Quando a criança, em qualquer idade, brinca, ela tem a oportunidade de "tomar decisões, expressar sentimentos e valores, conhecer a si, aos outros e o mundo, de repetir ações prazerosas, de partilhar, expressar sua individualidade e identidade por meio de diferentes linguagens, de usar o corpo, os sentidos, os movimentos, de solucionar problemas e criar. Ao brincar, a criança experimenta o poder de explorar o mundo dos objetos, das pessoas, da natureza e da cultura, para compreendê-lo e expressá-lo por meio de variadas linguagens" (Kishimoto, 2010).

Entretanto, a escolha, o incentivo ou a proposta do brincar deve respeitar princípios fundamentais: como: a possibilidade do ser, o significado construtivo, a utilidade formativa e informativa, os aspectos afetivamente saudáveis e, fundamentalmente priorizar ações e brinquedos inclusivos.

Sua importância inclusiva apresenta forte conexão com a cultura da infância e a própria constituição da personalidade, por ser a brincadeira uma significativa ferramenta para a criança se expressar, aprender e se desenvolver, respeitando as diferenças de qualquer natureza.

Conforme Camargo e Marinho (2015), não há uma 'receita' para o brincar ser inclusivo e sim existem premissas: "Respeitar o tempo de cada um; Respeitar o conhecimento de cada pessoa; Combinar com os participantes a melhor forma de tornar a brincadeira inclusiva. (p.7).

A instituição espírita, especialmente na Evangelização de bebês e infantil, pode associar os preceitos cristãos e aqueles trazidos pelo Espiritismo à atividades lúdicas inclusivas, não somente para quem apresenta alguma deficiência/diferença, mas para que outras crianças comecem a entender a possibilidade existente no brincar inclusivo e, de alguma maneira auxiliar a si próprios, muitos familiares ou colegas de escola a tornarem o convívio pela brincadeira mais enriquecido, fraterno e solidário.

André Luiz (1988), no livro Conduta Espírita, assinala orientações bastante importantes perante A Criança, como: ver no coração infantil o esboço da geração próxima, procurando ampará-lo em todas as direções; melhorar métodos e ampliar tarefas; colaborar decididamente na recuperação das crianças desajustadas e enfermas; eximir-se de oferecer à criança presentes capazes de incentivar-lhe qualquer atitude agressiva ou belicosa tanto em brinquedos quanto em publicações.

Algumas sugestões de um brincar inclusivo são: oferecer brincadeiras que rompam preconceitos e barreiras; não permitir manifestações discriminatórias de qualquer natureza; mostrar possibilidades existentes na deficiência/diferença, oportunizando brincadeiras com diferentes ritmos, posturas, manuseios, regras e dinâmicas; propor a cada participante identificar suas próprias diferenças, facilidades e dificuldades; possibilitar o conhecimento de outras formas de comunicação (como Libras, Sistema Braille, pranchas de comunicação, mímicas...); impulsionar atividades cooperativas; diversificar brincadeiras sensoriais e expressões artísticas; oportunizar o (auto)conhecimento das habilidades e dificuldades na identificação e expressão de sentimentos; explorar, em conjunto, as múltiplas inteligências contidas no grupo e na sociedade; incentivar a vivência de diferentes jogos e maneiras de deslocamento.

Um universo de possibilidades de brincadeiras inclusivas existem, basta usar a criatividade, pesquisar fontes informativas responsáveis, desenvolver percepção atenta sobre diferenças no próprio grupo e na sociedade, buscar amparo na Tecnologia Assistiva e, especialmente colocar em prática a recomendação de Camargo e Marinho (2015), ampliando a consideração oferecida para todas as crianças: "Se você quer que seu filho cresça um adulto que compreenda e respeite as diferenças dos outros, deixe-o brincar livremente com crianças que não sejam iguais a ele. Juntas, elas conseguirão adaptar as brincadeiras para a realidade e possibilidade de cada um" (p.9).

 

Referências

 

CAMARGO Patrícia; MARINHO Patrícia. Tempo junto - 100 ideias de brincadeiras em

qualquer situação. 2015. E-book.

KISHIMOTO, Tizuko Morchida. Brinquedos e brincadeiras na educação infantil. In: SEMINÁRIO NACIONAL: CURRÍCULO EM MOVIMENTO - PERSPECTIVAS ATUAIS, 1., 2010, Belo Horizonte. Anais [...]. Belo Horizonte, 2010.

LUIZ, André (Espírito). Conduta espírita. Psicografado por Francisco C. Xavier e Waldo Vieira. Rio de Janeiro: FEB, 1988. Cap. 21 Perante a criança.

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