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O Espírita e os desafios da atualidade




Jeferson Quadros


Vivemos tempos desafiadores para o movimento espírita, e em especial para os adeptos conscientes das responsabilidades que o labor, as práticas e o estudo espiritistas carecem. 

As facilidades do mundo hodierno e as tentações às quais estamos sujeitos podem tornar-se fonte de dificuldades para a manutenção, tanto da pureza doutrinária quanto da organização que o Espiritismo requer, tais quais prescritas por Allan Kardec.

Com o advento da internet, onde se encontram incontáveis fontes de pesquisa, nem todas confiáveis, somadas aos materiais expostos indiscriminadamente nas redes sociais, passamos a ter livre acesso à informação, de forma muito simples e cômoda. Mas esse cenário, fruto dos avanços tecnológicos e científicos do século XXI, merece nossa atenção, pois pode afetar negativamente a qualidade do estudo com o qual precisamos estar comprometidos. Corremos o risco de, iludidos por conceitos contidos em construções literárias de ilusória beleza, impregnados em suas entrelinhas de ideias contraditórias e de rasa moral, adotar por verdade conceitos incoerentes com os postulados da codificação Kardequiana.

Não queremos desmerecer a importância que a internet e seus recursos têm a oferecer à sociedade, porém nos achamos no dever de advertir que é preciso utilizar esses recursos com responsabilidade. Estejamos conscientes de que é preciso aprender a “garimpar” informações qualificadas e alinhadas à Doutrina Espírita em meio ao enorme volume de fontes de pesquisa disponíveis, pois o compartilhamento de conteúdos publicados sem critério algum causa enormes estragos nas tarefas de divulgação do Espiritismo e, não poucas vezes, leva a adoção de práticas que destoam daquelas prescritas na codificação. É preciso prudência e coerência, aliadas à inteligência, para que consigamos distinguir as boas das más ideias.

Outro ponto que merece atenção é a proliferação de obras que aparentam ter caráter espírita, mas que, por vezes, são editadas com interesses voltados muito mais ao aspecto financeiro do que com o compromisso doutrinário. Multiplicam-se as edições de obras psicografadas que pouco ou nada tem de Espiritismo. Livros assim, muitas vezes, são o primeiro contato de grande número de pessoas com o “espiritismo”, causando enormes prejuízos à compreensão da Doutrina Espírita de fato, pelos conceitos contraditórios que disseminam.

Esse contexto que acabamos de comentar nos remete ao diagnóstico de Kardec registrado na introdução de O Livro dos Médiuns:


Todos os dias a experiência nos traz a confirmação de que as dificuldades e os desenganos com que muitos topam na prática do Espiritismo se originam da ignorância dos princípios desta ciência (…)”(1)


O Codificador demonstra a sua preocupação com os efeitos negativos que o desconhecimento dos postulados e práticas espíritas podem causar ao movimento espírita como um todo e aos espíritas praticantes, em particular. Nossas imperfeições e os dogmas que individualmente alimentamos podem nos levar à má interpretação de conceitos e à prática de desvios doutrinários. Esse fato é natural, visto sermos todos Espíritos em evolução, mas deve ser motivo de atenção de nossa parte.

É importante termos em mente que todo estudo sério será baseado na seriedade das fontes de pesquisa e consulta, além da seriedade aplicada pelos indivíduos envolvidos em tal estudo. Temos nas obras básicas da Doutrina, ou seja: O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese, a fonte segura para quem deseja conhecer o Espiritismo em sua pureza doutrinária. Essas obras devem ser conhecidas e estudadas continuamente, pois contém o ensino prescrito e organizado pelos Espíritos, contando com a colaboração do valoroso professor Allan Kardec, ensino esse que será a base sólida na qual serão estruturados os esteios do conhecimento doutrinário. Temos também obras complementares, escritas por autores encarnados e desencarnados reconhecidos pelo trabalho em prol da Doutrina Espírita, tais quais Chico Xavier, Divaldo Pereira Franco, Yvonne do Amaral Pereira, Emmanuel, André Luiz, Joanna de Ângelis, Humberto de Campos, dentre outros, que trazem conceitos e ensinamentos de valor inestimável à consolidação dos conhecimentos espíritas.

Conscientes desta problemática que grassa por entre as fileiras espíritas e buscando auxiliar na manutenção da fidelidade aos postulados de Kardec, as federações espíritas, em âmbitos nacional e estaduais, criaram e disponibilizaram metodologias de estudos em grupo a serem aplicadas nos Centros Espíritas, para que assim tenhamos um padrão de aprendizagem sistematizada que trará a confiabilidade e coerência doutrinárias desejáveis.

Assim, no contato com obras fidedignas, apoiados por programas de estudo organizado e leais à codificação, estaremos conhecendo o Espiritismo em sua essência, vencendo os obstáculos que poderiam nos afastar do “caminho reto” do Cristianismo redivivo que é a Doutrina Espírita.


Referência:

1- KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns, tradução de Guillon Ribeiro. Brasília/DF: FEB editora, 2019.

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