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Perseveremos



Vinícius Lima Lousada[1]

           

É com perseverança que chegarás a colher os frutos de teus trabalhos.[2]

  

Existem dias, na vida de todos nós, que as provações tomam tal vulto que parece que todos os nossos esforços são em vão. Num átimo tudo parece mudar e o nosso desejo em torno das nobres realizações esmorece e quase temos a impressão de que o dever, a justiça e o bem, aos quais temos nos dedicado, talvez não viessem a ter o valor que lhe imputamos.

Essas horas, em que forças paralisantes ou pensamentos negativos possam estar obnubilando o nosso tirocínio, são momentos em que precisamos recorrer à prece em busca de auxílio de nossos Benfeitores Espirituais para que nos socorram pelos canais das boas inspirações, ajudando-nos a dispersamos as influências negativas ou superarmos disposições inferiores que ainda carregamos.

Certamente, todos guardamos um quadro de provas, em termos gerais, que se apresentam como parte do conjunto de possíveis circunstâncias renovadoras que escolhemos, antes de renascermos, em conformidade com o nosso programa reencarnatório. Todavia, é adequado lembrar que essas escolhas genéricas visam o nosso crescimento espiritual a ser galgado a cada vida, na cadeia incessante da pluralidade das existências, onde refazemos a jornada, corrigimos arestas morais, desenvolvemos a nossa inteligência e aprendemos a trabalhar pelo bem em comum.

Assim, Deus não nos castiga, ama. Entretanto, lutas acerbas fazem parte de nossos roteiros de renovação, onde suportamos uns aos outros, com as nossas imperfeições e virtudes, e, através de nossas atitudes, pensamentos e palavras, nos influenciamos mutuamente, bem como, interferimos nas circunstâncias ambientais que nos cercam.

O flagelo que ora se abate sobre a sociedade gaúcha está no contexto de uma crise ecológica planetária cuja raiz, apontam centenas de estudos acadêmicos, se situa em torno de uma racionalidade historicamente desenvolvida por nossa civilização, de desconexão com a Natureza, que vem se efetivando ao longo de séculos, em formas de saber, produzir e consumir que não consideram os limites dos processos ecológicos no seu devido valor e, por consequência, seus impactos locais e globais.

Carecemos de uma mudança de paradigma civilizatório que deve começar em uma transformação de mentalidade pessoal e nas formas com que lidamos com a Natureza, pois, como alertava o renomado ambientalista, José Lutzenberger, “Tudo está ligado com tudo.”[3] Aliás, converge com esse pensamento o filósofo espírita Léon Denis, em uma eco-espiritualidade[4] muito própria, quando afirma que “Todos os seres estão ligados uns aos outros e se influenciam reciprocamente: o universo inteiro está submetido à lei da solidariedade.”[5] E essa lei de solidariedade está bem manifesta na hora da dor a que todos somos submetidos a sofrimentos que nos igualam e nos irmanam, porque não fazem distinção ainda que possam afetar as pessoas de modos diferentes.

Diante de tudo isso, dos saberes que aprendemos no Espiritismo e das lutas que se apresentam, não podemos nos deixar paralisar, é preciso recomeçar o aprendizado, extrair lições de momentos dolorosos como esse. E, a partir disso, nos compete perseverar no bem, até porque, como ensina Emmanuel, “Perseverança é a base do êxito na realização de todas as boas obras.”[6]

Boas resoluções se tornaram complexas quanto à sua implementação? Hora de refazer os planos e perseverar nos labores que nos dizem respeito, como trabalhadores fiéis aos nossos deveres.

Projetos foram se constituindo em sonhos irrealizáveis? Façamos uma nova leitura da realidade e perseveremos em construções positivas.

Momentos felizes muito anelados foram obstados pela crise do momento? Cuidemos dela, pois como ensinou o Guia Maior de todos nós, “a cada dia já basta o seu mal” e mantenhamo-nos guiados pelo ideal que nos inspirou até aqui.

Problemas parecem brotar com facilidade em nossos caminhos? Perseveremos na caminhada, investigando as soluções adequadas para cada um deles e aprendamos a colocar a nossa inteligência a serviço do que há de melhor para as situações vindouras.

O trabalho é uma Lei Moral da Vida que merece a nossa adequada atenção. Trabalhemos orientados pelo que é útil ao bem estar da coletividade, à comunidade de vida, considerando as outras espécies, ao próprio planeta, enfim, que deve ser sentido como a nossa nave comum com a qual singramos o espaço em um futuro compartilhado.

Procuremos despertar da negação da realidade afligente do momento, libertemo-nos do choque a que fomos instados e apliquemos os nossos recursos para a construção de dias mais felizes, local e globalmente.

Perseveremos, irmãos, no bem de todos os filhos de Deus!

 

 Referências:

[1] Vice-presidente de Unificação da Fergs.

[2] KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. FEB Publisher. Edição do Kindle. Prolegômenos, p. 63.

[4] Eco-espiritualidade, aqui referida, consistiria num sentimento que parte do princípio de que os seres humanos são parte da Natureza, membros da comunidade comum de vida, e, disso, emerge uma ética de fraternidade que nos convoca à proteção, regeneração e cuidado para com a vida, em suas diversas formas de manifestação.

[5] DENIS, Léon. O grande enigma. FEB. Edição do Kindle, cap. III.

[6] XAVIER, Francisco Cândido. O evangelho por Emmanuel: comentários às cartas universais e ao Apocalipse. Pelo Espírito Emmanuel. FEB Editora. Cap. Nunca esmoreças. Edição do Kindle.

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