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Ponderações no alvorecer do Mundo de Regeneração

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Vinícius Lima Lousada[1]

  

Tudo na Criação é harmonia; tudo revela uma previdência que não se desmente, nem nas menores, nem nas maiores coisas. Temos, pois, que afastar, desde logo, toda ideia de capricho, por inconciliável com a Sabedoria divina. Em segundo lugar, se a nossa época está designada para a realização de certas coisas, é que estas têm uma razão de ser na marcha do conjunto. - Allan Kardec[2]

  

Datam de dezembro de 2019 os primeiros registros dos casos de COVID-19, ocorridos em um hospital de Wuhan, na China. À época, concluiu-se que os enfermos eram pessoas que frequentaram um mercado de animais. Em 28 de janeiro de 2020, a Organização Mundial da Saúde admitiu o alto risco de epidemia desse vírus infausto. O primeiro caso de coronavírus no Brasil foi registrado em fevereiro de 2020, no Hospital Albert Einstein. Tratava-se de um paciente que esteve, dias antes, na Itália. Já a transmissão inicial em nosso país foi notificada em março do mesmo ano.

Há quase cinco anos atrás, no mês de novembro de 2020, o nobre Espírito Manoel Philomeno de Miranda grafou o prefácio da obra No Rumo do Mundo de Regeneração (LEAL). Livro em que o autor espiritual apresenta suas reflexões e testemunhos em torno do labor da Espiritualidade Maior em socorro à humanidade aflita naquele tempo de pandemia, fazendo um recorte da atuação das equipes socorristas em solo brasileiro, destacando, inclusive, a atuação do operoso benfeitor Francisco Spinelli, tão caro à família espírita gaúcha.

Segundo consta, Manoel Philomeno de Miranda (14/11/1876 – 14/07/1942) foi um dedicado trabalhador espírita, que chegou a presidir a Federação Espírita do Estado da Bahia. A partir da obra Nos Bastidores da Obsessão (1970), publicada pela Federação Espírita Brasileira, seu nome passou a figurar nos livros psicografados pelo médium Divaldo Pereira Franco. Desde que retornou à pátria espiritual, o lidador doutrinário vem se dedicando a estudos aprofundados em torno das alienações mentais causadas pelos processos obsessivos, sua profilaxia e terapêutica à luz do pensamento espírita.

No presente texto, gostaríamos de compartilhar algumas reflexões tendo por ponto de partida ideias apresentadas por Miranda, trazidas no prefácio de No Rumo do Mundo de Regeneração, dada sua pertinência aos tempos chegados, como anotados por Allan Kardec em A Gênese. Aliás, o mestre nos recorda que, sobre esses tempos anunciados no Evangelho (Mateus 24:1-31), se poderiam obter, basicamente, três tipos de interpretações: a dos incrédulos, a dos crentes e a proposta pela racionalidade. A postura dos incrédulos não daria às palavras de Jesus no Sermão Profético nenhuma importância; seriam fruto de uma crença pueril. Já para os crentes, as pessoas vinculadas às religiões tradicionais, haveria algo de místico ou sobrenatural nas palavras do Mestre da Cruz, de forma que as leis da natureza viriam a ser derrogadas. Mas há uma leitura racional sobre os ensinos de Jesus a respeito dos tempos anunciados e é nesta perspectiva que Allan Kardec inscreve o olhar espírita sobre o tema.

A seguir, nos propomos a resumir em alguns tópicos o prefácio elaborado por Miranda para a sua obra visando a nossa reflexão em torno do momento de transição planetária que estamos vivendo — da mudança de um mundo de provas e expiações para um de regeneração:

Avanços tecnológicos e científicos – A humanidade atingiu um alto nível de desenvolvimento tecnológico e intelectual, que, bem utilizados, podem colaborar com o desenvolvimento mais eficaz de ações de solidariedade, cidadania e integridade ética. Encontramos, por exemplo, aplicativos que aproximam sujeitos solidários de comunidades necessitadas, de acordo com as demandas de sua dignidade. O desenvolvimento da Inteligência Artificial, bem direcionado, pode ajudar-nos a lidar com dilemas existenciais das coletividades, quando esse recurso for posto a serviço do bem-estar coletivo.

Desafios sociais e morais – Apesar dos avanços tecnológicos, o materialismo em voga, ao promover o consumismo e o excesso de conforto, parece atrofiar a sensibilidade da criatura humana, cooptando-a para um hedonismo sem freios. De tal sorte que a mente viciada se lança aos abusos de poder, à indiferença para com o sofrimento alheio e ao descaso com responsabilidades coletivas, em prol da satisfação de desejos egoístas. Desse modo, acirram-se as desigualdades sociais, visivelmente sentidas nos processos de emergência climática.

Crise existencial e decadência de valores – No anseio de anestesiar a consciência, entre as dependências variadas desenvolvidas, o indivíduo lança-se ao uso excessivo das redes sociais, que, por consequência, exacerbam sua solidão e amplificam os transtornos advindos da ausência de convívio — indispensável à saúde mental do homo sapiens e à apropriação de normas sociais fundamentais à convivência edificante. Nesta faina infeliz, emergem adoecimentos variados, abandonos afetivos, individualismo e fragilidade de cooperação por conta do ensimesmamento contemporâneo. Observam-se, ainda, as limitações das coletividades na educação moral da infância e o esquecimento dos idosos.

Descaso com os princípios éticos – Os conflitos bélicos atuais, promovidos pelo espírito separatista e pela sanha fratricida, desafiam a constituição de uma ética universal do ser humano, que carece, para promover a paz e a felicidade dos indivíduos e das coletividades, de refletir as Leis Divinas. A sociedade vive uma crise moral, onde o prazer imediato é exaltado e valores mais elevados são transitoriamente substituídos por futilidades ofertadas pelo carrossel da ilusão.

Transição planetária – O nosso mundo está em estado de profunda transformação espiritual, saindo de um estágio de provas e expiações para um de regeneração, com o auxílio dos Espíritos Superiores, mas sustentado em nossa própria transformação moral. Como diz Manoel Philomeno de Miranda: “Estamos no início das grandes transformações, e fenômenos próprios demonstram chegados os tempos anunciados pelas Escrituras e confirmados pelos imortais.”[3]

A perenidade do Evangelho – Apesar do aparente caos, a mensagem de Jesus, baseada no amor, na justiça e na caridade, é expressão pura das Leis de Deus, que são imutáveis. Dessa forma, o código moral ensinado por Jesus é perene e seguirá conosco no rumo do mundo de regeneração, em prol de nossa felicidade.

O papel do Espiritismo – Neste contexto, o Espiritismo oferece uma visão esclarecedora e consoladora diante dessas crises temporárias, próprias de um período de transição como o vivido por todos nós agora. Ele nos convoca à valorização da vida sob o prisma da existência futura, da realidade espiritual com a qual interagimos sempre, em nossa condição de interexistencialidade.

Finalmente, podemos dizer que, diante dos desafios atuais enfrentados pela humanidade, o Espiritismo tem muito a contribuir com sua filosofia, especialmente se adotada por seus adeptos como uma bússola moral. E relatos como os trazidos por Manoel Philomeno de Miranda enfeixados na obra referida, ao nos descortinar determinados aspectos do Mundo dos Espíritos, contribuem sobremaneira para a nossa espiritualização.


Referências:

[1] Vice-Presidente Doutrinário da Fergs.

[2]  KARDEC, Allan. A gênese: os milagres e as predições segundo o espiritismo. (pp. 355-356). FEB Publisher. Edição do Kindle, Cap. XVIII, item 2.

[3] FRANCO, Divaldo. No rumo do mundo de regeneração. Pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda. Salvador: LEAL, 2020, p. 12.

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