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Psicografia realizada em público?


A mediunidade é inerente ao homem e desde os primórdios da humanidade dela se tem indícios. No entanto, somente a partir dos estudos realizados por Kardec, foi possível conhecer sua dinâmica cujas bases teóricas foram estabelecidas pelo mestre através da observação inspirada na Ciência em curso, a catalogação dos tipos de médiuns e as valiosas diretrizes do Espiritismo Experimental, que se constituem em roteiro iluminativo para o seu emprego seguro.

Com o Codificador, a arte de obter comunicações dos Espíritos teve seu processo simplificado gradualmente, evoluindo das mesas girantes até alcançar a psicografia no seu formato atual. “A escrita, sobretudo, tem a vantagem de assinalar, de modo mais material, a intervenção de uma força oculta (...).”¹ É importante ressaltar que, embora a psicografia apresente-se como um meio simples de comunicação, ocorre uma ação complexa, exigindo assistência da equipe espiritual.

Entregar-se à prática das manifestações, portanto, sem observar a metodologia orientada por Kardec, é incompatível com o trabalho sério e instrutivo. A mediunidade “é coisa santa, que deve ser praticada santamente, religiosamente.”²

Alguns centros espíritas no Brasil promovem eventos, informando poderem obter cartas do além aos familiares que buscam lenitivo para a dor através de informações dos seus entes queridos que partiram para a vida espiritual. Todavia, é bom lembrar que quando se evocam desencarnados: “pode suceder que o Espírito por quem se chama não esteja disposto a falar ou não seja capaz de fazê-lo no sentido desejado.” ⁵ Assim, muitos são os aspectos a serem considerados, envolvendo desde a inconsciência da desencarnação como, também, a sua condição que pode apresentar desconforto em função da vida que levava no mundo corporal ou porque a família afastou-se de qualquer reflexão acerca da “morte”, resultando, por exemplo, no inconformismo com a atual situação, ou ainda a própria fala pode estar confusa e ininteligível… Há que se considerar, igualmente, o mérito para o atendimento do anseio por notícias. Inegável é a criteriosa programação da Espiritualidade Maior, ensejando que se aguardem as manifestações espontâneas, pondo-se a salvo de ciladas que a imprudência propicia, tais como o charlatanismo ou a mistificação.

Acresce-se, ainda, às ponderações acima colocadas, que “nem todo médium psicofônico ou psicográfico está em boas condições, habilitado mesmo, para atuar nesse correio entre os dois mundos (...) São raros os médiuns que registram com exatidão e pouca margem de erros, elementos como: nomes e apelidos, jargões usados em família (...)”³ . Essa assertiva corrobora com o Codificador, esclarecendo que “para se comunicar, o Espírito desencarnado já se identifica com o Espírito do médium, esta identificação não se pode verificar, senão havendo, entre um e outro, simpatia, e, se assim é lícito dizer-se, afinidade.”

É importante avaliar se as reuniões por onde chegam as correspondências do além observam os critérios recomendados nos documentos norteadores produzidos pelos Conselho Federativo Nacional (CFN) e pela Federação Espírita Brasileira (FEB), tais como: “zelar pela privacidade da reunião, mantendo as portas chaveadas do início ao fim do trabalho; evitar a todo custo a divulgação de mensagens mediúnicas sem análise prévia e exercer a mediunidade de forma segura e desinteressada.”

Obreiros da última hora! Os trabalhadores dos centros espíritas devem assumir uma postura cautelosa, pautando o planejamento, a organização e o acompanhamento de suas ações nos referidos documentos orientadores e, sobretudo, em O Livro dos Médiuns, oportunizando estudo contínuo, meditativo e reflexivo sobre a mediunidade para que se compreenda toda a gravidade do labor mediúnico e se evite a adoção de práticas que atendam ao anseio pelo fenômeno, distanciadas do caráter sério do Espiritismo.

Estejamos atentos às recomendações do mestre lionês: “Seria, pois, um erro crer que todo Espírito possa vir responder ao chamado que lhe é feito, e se comunicar pelo primeiro médium que apareça. Para que um Espírito se comunique, é preciso: 1º que lhe convenha fazê-lo; 2º que sua posição ou suas ocupações lho permitam; 3º que encontre no médium um instrumento apropriado à sua natureza.⁵ ¹ KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. Tradução de Guillon Ribeiro. Cap. XIII, it 152, 81ª edição, Brasília: FEB, 2019. ² ____.O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro.Cap.XXVI, it.10, 15ª edição, Brasília: FEB, 2021. ³ TEIXEIRA, José Raul. Desafios da Mediunidade. Questão 69, 3ª edição, Niterói: Fráter Livros Espíritas, 2012. ⁴ KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. Tradução de Guillon Ribeiro, 81ª ed. Brasília: FEB, 2016. Cap. XX, it. 227. ⁵ KARDEC, ALLAN. O que é o espiritismo. FEB. Edição do Kindle. Capítulo I — Pequena conferência espírita, Segundo diálogo — O cético, Meios de comunicação.




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