Sal da Terra
Vinícius Lima Lousada[1]
Vós sois o sal da terra. Se, porém, o sal tornar-se insosso, com que se salgará? Para mais nada presta, senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens. (Mateus 5:13 )[2]
Jesus, Excelsa Liderança, nunca se descuidou de situar seus discípulos no tocante às tarefas que deveriam desempenhar para a construção do Reino no coração das criaturas, ainda que se utilizasse, para esse fim, de metáforas que se lhes facilitasse a compreensão pela inteligência do coração.
Nesta passagem, por exemplo, o Mestre se ocupa em apontar a gravidade do dever que caberia aos que O acompanhavam diante das circunstâncias evolutivas em que se moviam. Eles deviam agir como o sal que eram, logo, era necessário estar no mundo sem perder de vista a própria essência espiritual e os ensinamentos recebidos nos diálogos com Jesus e testemunhados nas atitudes do Rabi.
Mas, o que será ser “sal da terra”? Que esforços caberiam ao discípulo implementar, a partir de sua natureza moral, para atender esta assertiva fala do Amigo Celeste nos dias atuais? Meditemos nisso.
O sal, de modo geral, é utilizado como tempero para destacar o sabor dos alimentos. Caso o sal perca as suas qualidades, ele não será capaz de cumprir a sua função de contribuir com o bom gosto da comida e, dessa forma, se tornará naturalmente inútil. E, segundo Jesus, ao não salgar mais ele só serviria para ser jogado fora e pisoteado pelos homens onde, por consequência, se misturaria no chão a outras substâncias, ficaria sujo e se tornaria impuro.
Assim, a assertiva “Vós sois o sal da Terra (...)” parece-nos um convite para que o discípulo do Evangelho, no mundo, trabalhe por fazer a diferença onde a Divina Providência o situou, procurando destacar o valor do bem, e, igualmente, manter a sua natureza moral em processo contínuo de elevação, evitando deixar-se envolver pela falta de bom senso, extravagâncias morais e pelo materialismo, cuja adesão lhe faria malbaratar oportunidades valiosas de renovação que estão presentes no trabalho do bem.
Aos discípulos do Evangelho, na Seara Espírita, não nos cabe o mero ajuste aos modismos culturais de nossa época. De nós outros, espera-se alguma autenticidade comportamental que, longe de causar escândalo por conta de algum perfeccionismo, transforma o mundo à sua volta através do próprio exemplo. E, nesse sentido, vale lembrar a recomendação do apóstolo Paulo que ensinava: “E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.”[3]
No exercício de sermos “sal da terra”, tenhamos bom senso e coragem para o nosso retorno gradual aos labores presenciais no centro espírita, utilizando-nos de diálogo sempre franco e fraterno, de paciência de uns para com os outros, fazendo uso atento das orientações das autoridades sanitárias e, igualmente, do código de conduta do espírita previsto em O Evangelho segundo o Espiritismo, quando nos fala do homem de bem. Em tempos de amor que se esfria[4], perseverar no bem deve ser a nossa meta diária.
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