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Significado do aconchego inclusivo para os pais

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  • há 6 horas
  • 4 min de leitura


Sonia Hoffmann

 

Muitos pais de crianças e jovens com deficiência ou neurodivergência sentem-se acolhidos, aliviados e mesmo esperançosos ao receberem orientações seguras, esclarecimentos apropriados e apoio fraterno que os fortaleçam e informem sobre as possíveis causas, consequências e responsabilidade na convivência inclusiva e nos procedimentos fundamentais para seus filhos se encaminharem social, moral e espiritualmente com a maior autonomia, independência e competência possíveis.

O fracasso, indiferença ou negligência em ajudar estas famílias a compreenderem a natureza e as implicações dos comprometimentos e transtornos, para além de serem expiações, prova ou missão, frequentemente potencializa em todos os envolvidos mais dor, cansaço, abandono e sofrimento do que muitas vezes a realidade da diferença deles em si mesma.

Nem sempre os pais conseguem somente com o apoio mútuo encontrar soluções, enfrentar as confusões e temores, vivenciar o desespero ou a ansiedade ao constatarem haver lacunas e rupturas colaborativas para seus filhos quando envelhecerem, adoecerem ou sair da atual existência, ao verem seus filhos, a quem tanto amam, afastando-se ou sendo isolados, sofrerem o preconceito e a rejeição de uma sociedade que teme a diferença e a qual eles próprios desenvolvem o receio.

Buscaglia (1993) comenta sobre a influência da sociedade na percepção da deficiência em alguém, apesar de ser possível transpor o mesmo pensamento para todas as demais diferenças: "embora possam não se dar conta disso, a criança que nasce com uma deficiência e o adulto que sofre um acidente que o incapacita serão limitados menos pela deficiência do que pela atitude da sociedade em relação àquela. É a sociedade, na maior parte das vezes, que definirá a deficiência como uma incapacidade, e é o indivíduo que sofrerá as consequências de tal definição" (p.20-21).

Tantas são as dúvidas parentais e a sobrecarga de incertezas se avoluma que muitos pais ficam desnorteados, se desorganizando na sua interação familiar.

A tarefa de apoio à família na instituição espírita pode e deve contribuir para que pais e filhos sintam-se visíveis e consigam, ao máximo, estabelecer um convívio evolutivo saudável e produtivo.

Os tarefeiros que atuam nesta área precisam, primeiramente, terem tranquilidade suficiente e clareza de não serem terapeutas, mas colaboradores efetivos. O seu estudo sobre a Codificação e literatura Espírita é fundamental para os diálogos, esclarecimentos e contribuições serem realmente resolutivos. O desenvolvimento da arte de percepção e escuta dos conflitos expressos sutil ou dissimuladamente pelos pais é determinante para a formação de um vínculo empático e de confiança para a abordagem de dificuldades e desafios presentes na relação familiar. A ajuda para a identificação e educação de emoções e sentimentos traz para os pais um bom suporte para sua autorregulação e organização, credenciando-os muitas vezes a tomarem iniciativa para a procura de procedimentos médicos ou psicológicos. O conhecimento, mesmo básico, da proposta inclusiva e das estratégias de acessibilidades oferece condições de entender (mesmo que minimamente) as dinâmicas e sugerir mudanças para melhoramento da organização e do relacionamento familiar. Abordagens de temas que despertem reflexões sobre medidas de segurança e possibilidades de pessoas com deficiência, neurodivergência ou quaisquer outras diferenças traz para estes pais e também para os demais que no grupo se encontram o incentivo para se posicionar, refletir e amadurecer atitudes afirmativas, elaborar ações criativas e tecer, em conjunto, uma rede solidária e bases de uma sociedade mais justa.

Este trabalho conjunto não implica dizer para os pais como devem proceder e sim mostrar a eles que uma ressignificação dos sofrimentos e dos fatos pode gerar forças para um convívio mais sereno, desencadear pensamentos e sentimentos menos estressantes e mais entusiastas para a vivência de desafios.

Importante organizar um espaço que nem invada e nem sufoque a livre expressão destes pais, deixando claro que o encontro não é uma terapia e sim um diálogo fraterno. Opções podem ser apresentadas, mas fica totalmente ao critério deles a adoção ou não do seu processo de transformação porque, como Soler e Conangla (2011) sinalizam, há uma tendência nos seres humanos em buscar a estabilidade no exterior, nos outros, na tentativa de controlar a realidade, de manipular e mesmo dizer como deve ser seu projeto de vida. Em alguns casos, há quem chega a depositar o controle de sua vida nas mãos de outras pessoas, presenteá-las com seus olhos e viver pendentes de suas avaliações e juízos. É como alguém estivesse perguntando a outrem, sem cessar: "Você pode me dizer quem eu sou?" Essa estratégia está condenada ao equívoco, ao fracasso, porque é depositar a própria esperança e mesmo a identidade em algo fora de seu alcance e que muda constantemente. O autocontrole emocional permite atingir o equilíbrio, encontrar a nós mesmos e estabelecer, com as demais pessoas, relações generosas, respeitando tanto a liberdade quanto os espaços necessários. Essa é uma boa base para dar o primeiro passo seguro em direção à harmonia.

A indicação da leitura de obras confiáveis e a prática da meditação, da oração, da reflexão e do Evangelho no Lar são excelentes sugestões para os pais se revigorarem e darem continuidade ao cumprimento das suas responsabilidades como genitores.

O apoio, aconchego e acalento a estes pais representam para eles muito mais do que gotas amorosas de esperança, mas um verdadeiro oceano generoso de motivação.

 

Referências

BUSCAGLIA, Leo F. Os deficientes e seus pais. 2. ed. Rio de Janeiro: Record, 1993.

SOLER, Jaume; CONANGLA, María Mercé. Ecologia emocional. Rio de Janeiro: Best Seller, 2011.

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