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Sob as bênçãos de Deus! - Capitulo 7




Toda a gente fala da desgraça, toda a gente já a sentiu e julga conhecer-lhe o caráter múltiplo. Venho eu dizer-vos que quase toda a gente se engana e que a desgraça real não é, absolutamente, o que os homens, isto é, os desgraçados, o supõem. [1]


O reveillon da família Monteiro – em verdade de Leontina Monteiro – dera início a uma nova era de crescimento espiritual para todos.

A contragosto, o filho de Leontina viera para o Brasil, mais pelos interesses financeiros do que para os cuidados com os pais.

Recolhidos a uma luxuosa clínica de tratamento para idosos, Monteiro recebia cuidados e atenção que sempre lhe faltaram no próprio lar, onde raros dos seus cuidadores, lhe tributavam respeito e algum carinho fraternal, influenciados pela indiferença de Leontina. Ao longo da sua existência fora um homem que exercera a benemerência para com amigos, empregados e instituições o que lhe rendera muito apreço e gratidão por parte de tanta gente. Com o comentado evento do acidente da esposa e sua remoção para a casa de cuidados, passou a ser visitado por muitas pessoas das quais Leontina o afastara quando a enfermidade eclodira. Essa presença e a possibilidade do convívio, mesmo que na maioria das vezes, não reconhecesse ou lembrasse dos visitantes, recebia as vibrações de amizade e gratidão, que iam preparando-lhe a desencarnação em condições mais propícias.

- Percebe-se uma reativação lenta, mas progressiva das memórias recentes do nosso irmão Monteiro, Honório, referia Carlos incidindo a sua força mental sobre as emanações que eram captadas pelos equipamentos de análise da memória do paciente, dissecando cada aspecto apresentado nos gráficos fluídicos dali extraídos.

- A infância e adolescência dos filhos ocupam significativa extensão das lembranças com cintilações que denotam o domínio do Espírito sobre elas e seus significados, embora não consiga externá-las.

- É um material rico, meu caro Honório, e funcionará como um tépido banho refazedor para essa alma que tem experimentado os suplícios do abandono emocional há tanto tempo. Esse período da vida dos filhos é uma das fases áureas da experiência dele, tanto com os rebentos do primeiro consórcio, quanto com o filho do segundo casamento. São vivências saudáveis e bem estruturadas, que se lhe agregam, decisivamente, na bagagem evolutiva.

- Estamos cumprindo à risca a sua determinação, irmão Carlos, acentuando a fixação dos sentimentos e pensamentos que foram nutridos naquele período, para que as lições assimiladas se caracterizem em elementos para o futuro planejamento reencarnatório.

- Falta-nos, no entanto, Honório, estimularmos a aproximação dos filhos nestes instantes definitivos da vida. Recebi a informação de que a veneranda Amália Soler, destacou a equipe coordenadas pela Irmã Dinah para investir na sensibilização daquelas almas, a fim de que aproveitem as sagradas ensanchas que lhes estão sendo ofertadas para o exercício do perdão e da compreensão.

Detiveram-se os dois seareiros de Jesus, minudenciando ainda os aspectos da redentora terapêutica em apreço no momento, enquanto Monteiro, recostado na cadeira colocada sobre as grandes árvores do jardim da clínica, sentia-se desprender do corpo e correr atrás dos filhos - crianças - ouvindo-lhes os risos e as vozes, o que fez com que a amável enfermeira, que o cuidava, surpreendesse no seu rosto já quase inexpressivo, um esforço de um sorriso e comentasse com ele:

- Que bom vê-lo sorrindo! Espero que os nossos cuidados sejam responsáveis, só um pouquinho, por essa alegria.



Referências: [1] Ribeiro, Guillon. O Evangelho segundo o Espiritismo. FEB - Federação Espírita Brasileira. Edição do Kindle. Cap. XV. “Bem-aventurados os Aflitos.”

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