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Sob as bênçãos de Deus! - Capitulo 9 - Parte 1




Quer a fortuna vos tenha vindo da vossa família, quer a tenhais ganho com o vosso trabalho, há uma coisa que não deveis esquecer nunca: é que tudo promana de Deus, tudo retorna a Deus. Nada vos pertence na Terra, nem sequer o vosso pobre corpo: a morte vos despoja dele, como de todos os bens materiais. Sois depositários e não proprietários, não vos iludais. Deus vo-los emprestou, tendes de lhos restituir; e Ele empresta sob a condição de que o supérfluo, pelo menos, caiba aos que carecem do necessário.[1]


As ações da equipe da educadora Dinah transcorriam com o investimento de porte para a reabilitação de Monteiro. Era urgente que as reações se produzissem na dinâmica do perispírito, a fim de que na desencarnação que se aproximava, a histólise e a histogênese espiritual fossem favorecidas na divisão das células do corpo espiritual, e tanto quanto possível, com a colaboração do paciente, possibilitar reflexos nos seus processos mentais, diminuindo a densidade do perispírito, ensejando-lhe melhores condições de ajuste na erraticidade.

O enfermo, nas muitas reuniões promovidas durante o sono físico, foi recolhendo dos filhos que a ela compareceram, em desdobramento pelo sono, após muita resistência, o relato das mágoas e do abandono afetivo. Dos rebentos do primeiro consórcio, sentiu a dor que causara com o adultério que redundou na separação conjugal; do filho da atual esposa, a frieza e o distanciamento decorrentes dos muitos anos afastados, pois Leontina manteve-o desde os primeiros tempos da adolescência em colégios no exterior, sob a alegação de que, sendo o herdeiro de um grande patrimônio, precisava ter uma educação de excelência que o Brasil não ofertava. Na verdade, Leontina/Margot trazia embotados os sentimentos relativos à maternidade, lesados pelos muitos abortamentos feitos no passado e que provocaram mutilações nas engrenagens sutis do corpo perispirítico, que a conduziram a uma personalidade com muito ou quase nula sensibilidade ao sofrimento alheio. Tinha o desejo infrene de ser admirada e transitar nas rodas da elite, mas nunca fez amigos leais, não conseguia nem participar das ações beneficentes promovidas no seu meio. Era uma alma no limite da personalidade psicopata que revelou a sua crueldade, claramente, no afastamento do filho do seu e do convívio com o próprio pai.

Os encontros noturnos iam, pouco a pouco, permitindo uma drenagem das dores sufocadas por longo tempo. Ao despertarem, os participantes dessas rodas de diálogo sentiam o desconforto com as ideias tão ferrenhamente acalentadas durante grande parte de suas vidas, ou seja, a indiferença forjada em relação aos pais, o desejo de afastamento, as recriminações que sempre afloravam quando algum assunto envolvia o clã. Isso passou a se tornar um sofrer diferente, um ímpeto de estar mais próximo, de poder verbalizar os sentimentos e quem sabe, de deixar para trás tantos desencontros, afinal, o pai estava em situação muito difícil. Nada nele lembrava o homem de negócios, inteligente e visionário que edificou um império que hoje lhes dava uma condição de usufruir de muitos privilégios e de realizar até extravagâncias acessíveis a poucos.

De sua parte, Monteiro, embora não conseguisse expressar o que sentia, quando em desdobramento pelo sono, passou a reler as memórias, inventariar os atos que considerava acertados na vida e analisar os que implicavam em arrependimento, por terem se afastado dos compromissos que a consciência lhe assinalava. Todos usufruíam dos benefícios da terapêutica educativa patrocinada pela equipe de Dinah Rocha.

Mendes, nos dias em que se apresentava para recolher os relatos da equipe, revelava-se assaz surpreso com a riqueza de detalhes e providências da espiritualidade para que as nossas reencarnações tivessem o melhor aproveitamento possível, mesmo que as escolhas não fossem as mais eficazes diante dos planos cuidadosamente traçados.

As crises de choro que afligiam Monteiro eram frequentes, pois aquela alma já começava a experimentar os benefícios regeneradores da expiação, que é o caminho abençoado para amainar o solo endurecido ou abandonado dos corações. A lembrança de que deixara a educação dos filhos à deriva em meio da travessia existencial, seduzido pelos cantos de sereia da sensualidade; o desvio da finalidade de sua riqueza, cujos lucros deveriam servir para projetos de moradias para as classes sociais menos favorecidas e que foram todos destinados à edificação de condomínios de luxo, quando não desviados para os depósitos infrutíferos nos paraísos fiscais.

Irmã Alba, atenta a esses momentos de catarse que provocavam também uma grande movimentação na equipe terrena da clínica, foi designada para assistir Monteiro, com a finalidade de gerar efeitos positivos na função sentimento a fim de que tais zonas de remorso se convertessem em recursos para as futuras ações do Espírito em novas experiências reencarnatórias.

Mendes, perguntou-lhe:

- Irmã Alba, as escolhas feitas pelo irmão, beneficiando os que também receberam a riqueza como prova, investindo nas edificações que trazem conforto e segurança às suas famílias não são decisões que possuem algum caráter de nobreza, também?

- Mendes, os excessos que a riqueza engendra são espinhos pontiagudos, que rasgam amiúde os tecidos frágeis das almas. Ao ensinar a oração do Pai Nosso, recomendando que pedíssemos a vinda do Seu Reino, dizem-nos os benfeitores amigos que:

“Evitados seriam os males, que se geram dos excessos e dos abusos. Todas as misérias deste mundo provêm da violação de tuas leis, porquanto nenhuma infração delas deixa de ocasionar fatais consequências. Deste ao bruto o instinto, que lhe traça o limite do necessário, e ele maquinalmente se conforma; ao homem, no entanto, além desse instinto, deste a inteligência e a razão; também lhe deste a liberdade de cumprir ou infringir aquelas das tuas leis que pessoalmente lhe concernem, isto é, a liberdade de escolher entre o bem e o mal, a fim de que tenha o mérito e a responsabilidade das suas ações. Ninguém pode pretextar ignorância das tuas leis, pois, com paternal previdência, quiseste que elas se gravassem na consciência de cada um, sem distinção de cultos, nem de nações. Se as violam, é porque as desprezam. Dia virá em que, segundo a tua promessa, todos as praticarão. Desaparecido terá, então, a incredulidade. Todos te reconhecerão por soberano Senhor de todas as coisas, e o reinado das tuas leis será o teu reino na Terra.”[2]


Seria de grande utilidade se o irmão utilizasse a sua fortuna construindo condomínios, residenciais com tecnologias que auxiliassem na preservação da natureza, que valorizassem a vida de relação dos seus ocupantes, que carreassem os recursos supérfluos para os menos aquinhoados e não apenas com a visão de cada vez mais estimular o sensualismo e o abuso dos recursos que recebeu.

- Bela lição, irmã, e profunda!

- Sim, as luzes do Evangelho são vigorosos faróis na nossa caminhada


Referências: [1] Ribeiro, Guillon. O Evangelho segundo o Espiritismo. FEB - Federação Espírita Brasileira. Edição do Kindle. [2] Ribeiro, Guillon. O Evangelho segundo o Espiritismo. FEB - Federação Espírita Brasileira. Edição do Kindle.

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